ATA DA OCTOGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 19.10.1998.

 


Aos dezenove dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, Pedro Américo Leal, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Octogésima Segunda e Octogésima Terceira Sessões Ordinárias e da Trigésima Nona Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antônio Losada, o Projeto de Lei do Legislativo nº 149/98 (Processo nº 2980/98); pelo Vereador Eliseu Sabino, 02 Pedidos de Providências. Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 109/94 (Processo nº 1918/94). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 44/98, do Senhor Pedro Chequer, Coordenador Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde; 189/98, do Senhor Adão Dornelles Faraco, Diretor-Presidente da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. – TRENSURB; 10007/98, do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre – CCHPA; Fax do Senhor José Malta, Presidente da União dos Vereadores do Brasil –UVB; Impresso do Senhor Relindo Schlegel, Presidente da Associação Brasileira de Servidores de Câmaras Municipais – ABRASCAM, encaminhando a “Carta do Rio de Janeiro” e divulgando o III Congresso de Servidores e Vereadores da Região Sul do Brasil e o V Congresso de Servidores e Vereadores de Câmaras Municipais do Paraná. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 36, 37, 38, 39 e 35/98, este discutido pelos Vereadores João Dib, Adeli Sell, Cláudio Sebenelo e Juarez Pinheiro. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Nereu D’Ávila e Maria do Rosário, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Milton Zuanazzi, após a entrega do Diploma e da Declaração de Bens, da prestação de compromisso legal e da indicação do Nome Parlamentar, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Na ocasião, foi apregoada Declaração do Vereador Nereu D’Ávila, informando do impedimento do Suplente João Bosco Vaz de assumir a vereança, em substituição ao Vereador Pedro Ruas. Também, a Vereadora Maria do Rosário, através de Questão de Ordem, manifestou-se a respeito do artigo 218 do Regimento e o Senhor Presidente destacou a necessidade de que os Oradores na tribuna atenham os seus discursos à matéria em análise. Em continuidade, nos termos do § 7º, artigo 12 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Milton Zuanazzi, que manifestou sua alegria por regressar ao exercício do mandato parlamentar neste Legislativo, ressaltando a importância dos debates políticos realizados nesta Casa e discorrendo sobre o papel desempenhado pelos Suplentes, no sentido de colaborar com as atividades exercidas pelos Senhores Vereadores. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados Requerimentos dos Vereadores Henrique Fontana e Guilherme Barbosa, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossados na vereança os Suplentes Cyro Martini, em substituição ao Vereador Henrique Fontana, e Maristela Maffei, em substituição ao Vereador Guilherme Barbosa, informando que Suas Excelências integrarão, respectivamente, as Comissões de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos e de Constituição e Justiça. Em continuidade, procedeu-se à exibição de vídeo institucional elaborado pela equipe de jornalismo da TV Câmara, relativo ao trabalho realizado por este Legislativo. Em continuidade, o Senhor Presidente prestou informações sobre a confecção do vídeo institucional apresentado, a futura instalação do painel eletrônico no Plenário Otávio Rocha e a utilização do Plenário pelos Vereadores e visitantes, face as manifestações dos Vereadores Pedro Américo Leal, Maria do Rosário, João Dib, Décio Schauren, José Valdir, Nereu D’Ávila, Elói Guimarães e Cláudio Sebenelo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 06/98; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Executivo nºs 08 e 07/98, este discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Adeli Sell, Maria do Rosário, João Dib e João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Executivo nº 40/98; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 31, 34 e 33/98, este discutido pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/98. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o recebimento de cópias do estudo “Locuções Latinas e de Outros Idiomas Utilizadas na Língua Portuguesa”, elaborado pela Senhora Ana Helena Mendes Cunha, funcionária desta Casa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib discorreu sobre o encampamento do transporte coletivo urbano, realizado em mil novecentos e oitenta e nove pelo ex-Prefeito Olívio Dutra. Ainda, teceu críticas aos procedimentos adotados pelo Executivo Municipal quanto à administração do transporte público em Porto Alegre. O Vereador Antonio Hohlfeldt solicitou providências quanto à regulamentação da Lei Municipal nº 6.163/88, que dispõe sobre a indenização, pelo Município, do valor da lavagem do veículo automotor cujo proprietário transportar acidentados, enfermos e gestantes em situações de emergência no cumprimento da prestação de socorro. A Vereadora Maria do Rosário referiu-se à campanha eleitoral no segundo turno das eleições para Governador do Estado/RS, denunciando violências sofridas por candidatos do PT. Também, comentou matéria publicada na página quatro do suplemento Eleições do Jornal Folha de São Paulo, do dia dezessete de outubro do corrente, intitulada “Banco Estatal organiza ‘pirâmide’ a favor de Britto”. O Vereador Luiz Braz, reportando-se ao pronunciamento da Vereadora Maria do Rosário, afirmou ser desfavorável à prática de pressões e violências contra membros de partidos políticos durante o período de campanha eleitoral, afirmando que os candidatos envolvidos em um pleito eleitoral devem respeitar-se mutuamente e não fazer uso da máquina pública com finalidades eleitoreiras. Na oportunidade, o Vereador Clovis Ilgenfritz esclareceu, através de Questão de Ordem, posturas assumidas quando do discurso do Vereador Luiz Braz. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Vereador Luiz Braz prestou esclarecimentos quanto à tramitação do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Isaac Ainhorn. Em continuidade, foi apregoado o Requerimento do Vereador Luiz Braz, solicitando votação em destaque do inciso VI do artigo 16, do parágrafo único do artigo 11, do artigo primeiro, do artigo 14 e de item do Anexo II do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98. Na oportunidade, o Senhor Presidente prestou informações quanto ao teor e ao encaminhamento a ser dado a este Requerimento, face Questões de Ordem do Vereador Adeli Sell. Às dezessete horas e seis minutos os trabalhos foram declarados regimentalmente suspensos. Às dezessete horas e dezessete minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a reabertura da Sessão, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Reginaldo Pujol. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à

 

 

PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2888/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 1999. Com Anexos I e II.

 

PROC. 2889/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro de 1999. Com Anexo I.

 

PROC. 2890/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro de 1999. Com Anexo I.

 

PROC. 2891/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 038/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de 1999. Com Anexo I.

 

PROC. 2892/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 039/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para o exercício econômico-financeiro de 1999. Com Anexo I.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Verle, ex- Secretário Municipal da Fazenda, na sua singeleza, dizia que o Orçamento da Prefeitura era uma peça de ficção. Na realidade, é uma peça que eu não consigo entender por mais que eu a estude. Vem a nossa consideração uma proposta orçamentária da ordem de 890 milhões de reais - como sempre, a Prefeitura tentando esconder dos servidores os números reais para que os servidores não possam pedir os seus direitos. Ela tenta dividir o Orçamento em duas partes: uma delas é a transferência do SUS. Acho que o SUS dá um susto na Prefeitura quando transfere para ela 260 milhões na proposta orçamentária. Mas sei que este ano vai ser mais, porque 260 milhões foi no ano de 1998. Mesmo em 1998 vão ser superados estes valores.

Mas o que me preocupa seriamente na proposta orçamentária da Prefeitura é a maquilagem feita. Sabemos que, nas contas de 1993, os 58 milhões de reais não tinham cobertura em decretos de suplementação. Sabemos que em 1995, que foram 59 milhões de reais, não tinham cobertura para que se fizesse o decreto de suplementações que foram feitas. Sabemos, porque verificamos as contas de 1997, que ainda não chegaram do Tribunal de Contas, que também cerca de 60 milhões de reais são manuseados - de que forma e com que finalidade eu não consigo entender. E agora vem de novo a proposta orçamentária, que traz receita de capital e operações de crédito que não têm se realizado sistematicamente. Eu gostaria que o PT, que vai falar depois de mim, pudesse dizer por que todos os anos colocam receitas de capital e operação de crédito que não se realizam. É incrível que a proporção chega a ser de 90% não realizados. Essa manobra de decretos de suplementação talvez ajude a publicidade da Prefeitura, que gasta muito e gasta com toda a vontade, com toda aquela impressão de quem vai com muita sede ao pote da publicidade. Só no “Cidade Viva”, mais de 5 milhões de reais este ano. Mas há os jornais da Prefeitura, o “Porto Alegre Agora”, quatro cores, muito bem impresso, nenhuma publicidade externa, só da Prefeitura, os jornaizinhos das Secretarias, as revistas, a publicidade toda que a Prefeitura faz fora dos meios de comunicação, meios internos da Prefeitura, cartazes de 66x44cm, a quatro cores, para toda e qualquer coisa. A Prefeitura gasta muito. Talvez essas manobras de suplementação estejam para encobrir qualquer preocupação que se venha a ter em relação aos números que não são muito santos.

Brigamos aqui, neste ano, quando da discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, para que o percentual de publicidade autorizado pela Prefeitura fosse baixado. Bem, a maioria conseguiu 1,2, e o Prefeito, magnanimamente, apenas colocou o 0,7. Se fosse verdade, até ficaria satisfeito. Mas, Ver. Adeli Sell, eu vou acompanhar atentamente a execução orçamentária porque para este ano nós tínhamos 0,5 de publicidade pela Lei Eleitoral e que não foi cumprida. Foi superado e muito. Acho que vamos chegar a 1,5%. De repente, será que estão pedindo perdão pelos erros cometidos? Acho que não. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Com a palavra, o Ver. Adeli Sell para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a discussão especial de Pauta sobre o Orçamento da nossa Cidade nos dá uma grande oportunidade de não apenas discutir os números, fria e objetivamente, mas, de forma objetiva, discutir a construção de uma cidade, a construção do processo de cidadania que estamos ardentemente trabalhando nesses dez anos de Administração Popular. Ao falar de Orçamento, evidentemente, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, vamos nos referir orgulhosamente ao processo do Orçamento Participativo inaugurado em nossa Administração.

Vera. Tereza Franco, os números que V. Exa. leu, estudou no Orçamento, são números oriundos de conversas de muitas pessoas das comunidades que foram a inúmeras reuniões, que lá disseram o que sentem, o que sofrem e o que precisam para melhorar a sua vida. Foi assim nesses dez últimos anos e foi assim que o Orçamento de 1999 foi construído, com a participação de trinta mil pessoas. Para alguns Vereadores, pouca gente, pouquíssima gente, “manobra do PT” porque, afinal, alguns Vereadores acham que é possível discutir o Orçamento com 100% da população. Nenhuma objeção. Também gostaríamos de discutir com 100% da população, mas discutir direta, objetiva, cautelosamente com trinta mil pessoas é muita gente. Ver. Lauro Hagemann, V. Exa. que tem uma experiência parlamentar sólida, sabe o quanto é importante ouvir para formar opinião e para executar alguma coisa em termos de obras.

Temos o orgulho de apresentar, aqui e agora, o Orçamento do Município de Porto Alegre para 1999, um total de 829 milhões de reais em números redondos. Destes, queria enfatizar que o total de investimentos em obras, equipamentos, vai ser de 21%, ou seja, efetivamente, um Município que não tem dívidas, que não paga juros astronômicos, que soube talhar todo e qualquer financiamento junto aos órgãos de financiamento internacional e honrá-los pode ter - como temos na Pauta de hoje e vamos discutir - o Pró-Saneamento.

Então, aqui estão, efetivamente, as obras: mais de 1/5 do Orçamento de Porto Alegre vai ser investido diretamente em obras, em realizações, inclusive em construção de escolas, como mostrarei em seguida.

Quero insistir que, conforme a Constituição, nós vamos honrar nossos compromissos com a educação, e neste Orçamento nós temos a verba do Sistema Único de Saúde. Vou enfatizar este dado. O SUS representa, neste total, a quantia de mais de 250 milhões de reais. É uma quantia substantiva, mas todos sabemos que essa quantia é utilizada para pessoas que vêm de fora de Porto Alegre. Esse dado é importante.

Nós gastamos nos hospitais de Porto Alegre mais com atendimentos do interior do Estado do que da própria Capital. Isso tem que ser discutido por esta Casa, porque nós queremos discutir a relação com o Governo do Estado e com o Governo Federal. Nós sabemos o quanto é importante o repasse dessas verbas. Isso não significa benesse do Governo. Significa, concretamente, o cumprimento de lei.  Infelizmente, nós não tivemos a contrapartida do Governo do Estado para o Hospital de Pronto Socorro. Neste ano próximo, tenho certeza de que esse quadro vai ser revertido, porque queremos governar o Rio Grande do Sul dentro desses parâmetros, onde o Estado cumpra o seu papel junto ao Município de Porto Alegre e todos os Municípios do Rio Grande do Sul.

Eu adianto alguns dados sobre as prioridades discutidas pela nossa Administração com o Orçamento Participativo.

A nossa primeira prioridade é o saneamento básico e serão gastos, no DEP, 15 milhões de reais, no DMAE, 25 milhões de reais. Isso tem a ver com a saúde pública, porque aqui nós estaremos colocando dinheiro no saneamento da Cidade.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)  Nobre Ver. Adeli Sell, espero que, desta vez, o DEP utilize os milhões de reais postos a sua disposição e não faça como em 1997, quando, ao término do ano, devolveu praticamente todos os recursos nessas manobras que o Executivo faz de suplementação e não fez nenhuma obra.  Esgoto cloacal e pluvial é saneamento, e pago. Não tem nada a ver com aquela aplicação de 13% que a Lei Orgânica determina do global do Orçamento Municipal.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. João Dib, sempre sou atento aos seus pronunciamentos. Nós utilizaremos todo o dinheiro do DEP, porque são obras necessárias. Os moradores sabem que pagam contas de água e taxa de esgoto, mas aqui  nós estamos tratando de obras de saneamento em torno de 10 milhões de reais. Portanto,  nós estamos discutindo investimentos no Município de Porto Alegre. 

Nossa segunda prioridade, em continuidade ao que fazíamos e fazemos nos últimos anos, é a pavimentação comunitária, na qual gastaremos 14 milhões de reais, incluindo os projetos Pró-Moradia.

Na Secretaria de Educação, só em construção de escolas, gastaremos 1 milhão e 600 mil reais. Isso que Porto Alegre já tem uma rede generosa de escolas e nós sabemos aproveitar os espaços de escolas.

Na saúde, faremos investimentos diretos em equipamentos e materiais, entre outras obras. Teremos investimentos importantes na assistência social, no lazer, no transporte, no desenvolvimento econômico, na organização da Cidade, etc.

Também me permito, nos minutos que me restam, discutir alguns orçamentos específicos. Faço questão de discutir alguns deles, como os Fundos.

No FUNMERCADO, questão aqui discutida em outras oportunidades, Vera. Maria do Rosário, nós aqui estamos mostrando que, efetivamente, o Mercado Público não tem apenas o carinho, mas tem a sustentabilidade da sua existência e da sua reconstrução: 804 mil reais, meus caros Vereadores, Ver. João Dib, sempre tão atento na cobrança e na fiscalização, que é o seu papel. Oitocentos e quatro mil reais para o Mercado. Além disso, gostaríamos de destacar também que na Secretaria Municipal de Indústria e Comércio temos outras aplicações além dessa.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, quero também destacar da sua fala, quando se referiu à questão da assistência social, os programas concretos que estão sendo desenvolvidos pelo Município de Porto Alegre. Destaco a questão do extraclasse, com mais de 1 milhão de reais destinados ao atendimento de crianças em turno inverso ao que comparecem à escola, no apoio aos temas, trazendo tranqüilidade às famílias.

Eu me permito, também, destacar esta que é uma proposta bastante importante, que é a dos núcleos de apoio sócio-familiar, que já estão atendendo na comunidade e que terão, por parte do Poder Público, mais de 960 mil reais no próximo ano, que atendem crianças vítimas de violência, famílias que se desestruturam, como políticas preventivas de atendimento à família - propostas concretas sendo desenvolvidas para o bem-estar da comunidade. E que os recursos públicos, Ver. Adeli Sell, quando V. Exa. fala dos Fundos, por exemplo, para a criança e o adolescente, são repassados para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; significa que a sociedade é que determina quais são as entidades que serão conveniadas com o Poder Público, o que é absolutamente transparente e feliz para uma cidade democratizada, em que a população controla o Orçamento Público, como é na nossa Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. ADELI SELL: Veja, Vereadora, que o nosso leque de aplicações vai desde questões importantíssimas mencionadas, como os Núcleos de Assistência ao Esporte. Talvez seja pouco, neste momento, Vereadora, 40 mil reais no Fundo do Desporto. Talvez seja pouco, mas nós temos que deixar aqui registrado que é de fundamental importância, porque isso dá sustentação a uma rede de cidadania montada na Cidade, que é o futebol de várzea e todas as modalidades esportivas que se dão já nos próprios públicos e outros equipamentos públicos da Cidade, como são os centros comunitários e outros.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, eu fico encantado com a assistência social da Prefeitura, mas acho que a assistência social começa em casa, e os servidores municipais, na forma da Lei Orgânica, art. 47, têm direito a creche para todos os seus filhos de zero a seis anos. Por que o Município não dá e faz convênios com creches particulares?

 

O SR. ADELI SELL: Vereador, a nossa rede de creches no Município atende a ampla maioria da população e os funcionários públicos municipais, assim como os funcionários do Estado que residem em Porto Alegre. Eles residem num espaço geográfico e ali, no espaço geográfico próximo a sua casa, dentro desse ambiente cultural, é que nós tentamos, de todas as formas, alocar essas crianças.

 

A Sra. Maria do Rosário: Apenas para adendar, com a compreensão do Ver. Adeli Sell, que a Creche Tio Barnabé, que se destina aos funcionários da Prefeitura Municipal, está sendo absolutamente ampliada e que os funcionários recebem o auxílio creche, diferente do tempo em que o Vereador foi Prefeito. Mas quero referir também a importância de nós estarmos realmente com uma política de atendimento às crianças e que, lamentavelmente, o Governo do Vereador, em nível federal, não repassa mais recursos para a pré-escola pelo fundo chamado Fundo de Estabilização do Magistério. Então, se o Município receber mais recursos, atenderá ainda mais, e eu conto com o Vereador para buscar esses recursos em Brasília.

 

O SR. ADELI SELL: Nós poderíamos, Ver. João Dib, na próxima Sessão de Pauta Especial, abrir os livros do Governo do Estado e discutir o Fundo da Criança e do Adolescente. Este Vice-Líder, junto com a Líder Maria do Rosário, teria a grata satisfação de fazer um debate sobre os números, porque, infelizmente, o Governo do Estado não tem política para a criança e o adolescente, como não criou nenhum mecanismo. Apesar de a Constituição Estadual falar objetivamente do apoio ao idoso, não tem política para o idoso. Ou seja, as duas pontas da vida, que unem homens e mulheres, estão abandonadas, e aqui tem assistência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Solicito a atenção do Plenário, especialmente do Ver. João Dib, porque S. Exa. tem que nos ajudar a votar um Requerimento do Ver. Pedro Ruas, que solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje, 19 de outubro.

Há, também, uma comunicação do Ver. Nereu D’Ávila, Líder do PDT, atestando que o primeiro Vereador Suplente, João Bosco Vaz, encontra-se impedido de assumir a Vereança. Está presente o segundo Suplente, Milton Zuanazzi, que estará assumindo em substituição ao Ver. Pedro Ruas, logo após a votação do Requerimento.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero referir que o art. 218 do nosso Regimento trata das questões das licenças dos Vereadores e que, quando um Vereador se licencia por motivo de interesses particulares, como é o caso do Ver. Pedro Ruas e vários Vereadores da nossa bancada, que em várias Sessões têm-se utilizado deste expediente, na verdade, o seu Suplente é chamado e o Vereador licenciado não recebe o salário daquele dia.

Faço isso por dever de ofício, para esclarecimento da nossa comunidade. É absolutamente ético quando um Vereador não está conosco porque está fazendo um trabalho político - e tenho certeza de que o Ver. Pedro Ruas está fazendo um trabalho político nesta tarde -, ele licenciar-se e não receber o seu salário. Faço isso para que a população possa acompanhar esse procedimento, que é correto, dentro da Câmara Municipal de Porto Alegre, que é ético e que é correto, dentro da Câmara Municipal de Porto Alegre, que é ético, e do qual nos orgulhamos cada vez mais. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece por esse esclarecimento da Vera. Líder da Bancada do PT, Maria do Rosário, pois é sempre bom lembrar - e o Ver. Nereu D’Ávila seguidamente lembra isso - que nós, quando saímos em licença para tratamento de interesse, saímos sem honorários. É importante lembrar isso à comunidade porque pode parecer que a toda hora está trocando de Vereador e que todos estão recebendo. É apenas para tratamento de saúde que o Vereador permanece com os direitos de honorários.

Em votação o Requerimento do Ver. Pedro Ruas, de Licença para Tratar de Interesses Particulares do dia de hoje

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, abstraio o fato de que o Ver. Pedro Ruas solicita Licença para Tratar de Assuntos Particulares no dia de hoje e é substituído pelo meu querido amigo, meu conterrâneo, que vai honrar esta Casa mais uma vez, Milton Zuanazzi. Não estaria eu nesta tribuna não fosse a preocupação da eminente Líder do PT, Vera. Maria do Rosário, em justificar que, na data em que o Vereador se licencia para tratar de assuntos particulares, ele não recebe "jeton" correspondente ao dia. Mas, de qualquer forma, eu não entendo que isso seja uma das melhores coisas para toda esta Casa. Eu, inclusive, tenho uma emenda proposta no Regimento da Casa, que vai ser discutida, vai ser votada a qualquer hora, que termina com a licença de um só dia. Eu acho estranho que todos os dias nós tenhamos Vereadores licenciados por um dia. Eu acho que deveria haver um mínimo de dias para se licenciar. Na Assembléia Legislativa, por exemplo, não tem um dia só; na Câmara Federal não tem um dia só. E como tudo, quando se trata da Constituição Federal, Estadual e vai para o Município, é por semelhança, acho que não cabe, também, um dia só.

Todo o meu respeito ao Ver. Pedro Ruas e ao Ver. Milton Zuanazzi, mas não devo ser provocado por explicações inoportunas, porque todas as vezes têm sido tranqüilas e serenas votações de seis a oito licenças por um dia para serem concedidas no mesmo dia, e ninguém diz nada. Agora, se é para dar explicação, então vamos explicar ao povo de Porto Alegre que está absolutamente errado, que não é correto isso. Um dia!

Eu já assisti a coisas muito engraçadas aqui no que diz respeito à Licença de Tratamento de Interesse por um dia. Licença de Tratamento de Interesse por um dia na segunda-feira; o mesmo Vereador repetiu na quarta-feira e o mesmo Vereador repetiu na sexta feira. Por que não na terça e na quinta- feira? É uma pergunta que fica no ar e que os doutos colegas poderão responder com tranqüilidade. Eu estou apenas fazendo a constatação e acho que é urgente que se vote o Regimento para que por no mínimo quinze dias se faça para substituição e, aí, a indústria da licença vai diminuir bastante.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, a Mesa solicita que V. Exa. se cinja ao assunto, que é votar a licença de um Vereador.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, não posso simplesmente votar, ou seja, dizer sim ou não. Era o que se fazia sempre, mas, desde que houve explicação, eu tenho que falar no objeto que está sendo discutido - a licença, por um dia, de um nobre e querido Vereador e que, no meu entendimento, está absolutamente incorreto. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa fez questão de informar ao Ver. João Dib que estamos votando uma licença e não uma tese sobre as licenças. O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, quero aproveitar essa discussão para saudar o nobre colega que irá assumir, da nossa Bancada do Partido Democrático Trabalhista, o ilustre Sr. Milton Zuanazzi, ex-Vereador desta Casa, onde deixou marcas indeléveis com um trabalho profícuo e profundo em prol da população de Porto Alegre. Deixou leis favoráveis à nossa população, como a lei de o contribuinte poder entrar nas cozinhas dos restaurantes para ver a higiene, o que se faz nos restaurantes de Porto Alegre, entre outras leis, mas foi esta que me ocorreu neste momento, nobre Ver. Milton Zuanazzi. E, como é a primeira vez que ele assume, nós queremos, em nome da Bancada do PDT, trazer para ele as mais efusivas saudações desta Casa, da Bancada, a alegria de nós todos em vê-lo novamente assumir a tribuna desta Casa, principalmente depois de uma campanha onde ele verdadeiramente foi consagrado nas urnas com mais de trinta mil votos. Infelizmente, o PDT não obteve mais cadeiras. Faltaram cadeiras, mas não votos ao nobre Ver. Milton Zuanazzi. Portanto, a nossa saudação.

Não podíamos deixar de encaminhar a questão no sentido de que o Ver. João Dib deu a sua opinião em relação a licenças nesta Casa. Neste momento, estamos simplesmente cumprindo o Regimento. Por enquanto, o Regimento prevê assim. Quando o nobre Ver. Elói Guimarães presidiu uma Comissão do Regimento - eu, quando assumi, em 1983, fui membro da Comissão de mudança do Regimento e, há poucos anos passados, fui Presidente da Comissão do Regimento -, houve emendas nesse sentido, no sentido de que a licença mínima fosse de uma semana, quinze dias - se não me equivoco, de autoria do nobre Ver. Pedro Américo Leal. Essa proposta ainda não teve a acolhida da Casa e, portanto, o Regimento é ainda a nossa lei. E o Regimento prevê que pode haver licença de um dia, e o que se está neste momento votando é a licença do Ver. Pedro Ruas por dia. É Licença para Tratamento de Interesses, o que não onera a população.

O nobre Vereador-Presidente no momento, Clovis Ilgenfritz, ressaltou que este Vereador sempre vem sustentando que, por enquanto, até hoje a população de Porto Alegre não tem por que se envergonhar da representação dos seus trinta e três Vereadores desta Casa. Até hoje, pelo menos, a população não teve por que se envergonhar com escândalos que pudessem trazer sobre esta Casa algum sentimento de não-lisura, de comportamento não-ético. Claro que não somos santos, claro que cometemos erros, porque somos pessoas humanas, mas a instituição Câmara Municipal de Porto Alegre, por enquanto, se pautou mudando partidos, mudando pessoas, mudando ideologias, mudando o que for, mas a Câmara tem trazido, nesses duzentos e tantos anos, em Porto Alegre, uma tradição de comportamento ético altamente elogiável. Por enquanto - e eu repito a frase que cunhei - a população de Porto Alegre não tem do que se envergonhar da sua Casa Legislativa. Ela quer mudar a Casa; as eleições são realizadas de quatro em quatro anos e pode mudar. Mudam os personagens, mas o comportamento desta Casa tem sido pautado, com menor ou maior intensidade, maior ou menor cultura dos seus componentes, maior ou menor combatividade dos seus integrantes, pela lisura.

Eu, pessoalmente, não sei de uma situação da qual a população pudesse dizer que a Câmara não está à altura das tradições do gaúcho, da cultura rio-grandense e da nossa Cidade de Porto Alegre, progressista, com altas e honrosas tradições no Estado.

Portanto, nós queremos deixar bem claro que, enquanto o Regimento não for modificado - e ele está novamente na pauta para modificações -, as licenças são absolutamente tranqüilas. O Regimento permite um dia tão-somente. São dois tipos de licença: para Tratamento de Saúde, e aí o Vereador continua, é claro, mediante prescrição médica, com o recebimento dos seus vencimentos, e para Tratamento de Interesses, que é o caso em tela, o do Ver. Pedro Ruas. Ele não recebe pela licença. Eu não tenho, neste momento, que dar opiniões, porque já dei em inúmeras reuniões de mudanças do Regimento, e espero que este assunto volte a ser tratado no âmbito das Comissões, porque as questões estão aí, tratadas nas alterações regimentais.

Por enquanto era isso, Sr. Presidente. Agradeço a atenção dos nobres Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, saudar o Ver. Milton Zuanazzi, nosso colega Vereador na última legislatura, com uma brilhante contribuição nesta Casa. Atuamos juntos na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Uma série de legislações que esta Cidade tem devemos ao trabalho do Ver. Milton Zuanazzi. Trabalhamos juntos na legislação sobre funerárias e o Vereador apresentou para Porto Alegre uma lei que eu acho das melhores e a população conhece: a possibilidade de que os restaurantes tenham as suas cozinhas abertas. A preocupação com os trabalhadores foi a marca da atuação do Vereador, sempre, e nós queremos saudá-lo.

Queremos registrar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que a minha Questão de Ordem foi baseada no art. 218 do Regimento. A Câmara Municipal de Porto Alegre fez uma caminhada, até os dias de hoje, de respeito e de transparência absoluta. Bem colocou aqui o Ver. Nereu D’Ávila, me antecedendo, os termos do Regimento em que temos as nossas licenças. O que eu penso ser absolutamente correto e que merece ser saudado e apresentado à comunidade é que, no momento em que o Ver. Pedro Ruas se licencia - e todos os que estão se licenciando assim o fazem -, licencia-se para tratar de interesse.

Eu tenho certeza de que poderemos encontrar o Ver. Pedro Ruas trabalhando nesta tarde pelo povo do Rio Grande, pela comunidade. Mas como essa sua atividade não está vinculada ao exercício parlamentar mais direto, ele se licencia para tratamento de interesse e honra toda a Casa na medida em que o faz, assim como outros Vereadores que não estão presentes, mas que já encaminharam as suas licenças. Nós também já as encaminhamos, em nome da Bancada do PT. Porque esses Vereadores licenciados não recebem os seus salários. Eu penso que isso é correto. Tão-somente, Ver. Cláudio Sebenelo, na minha Questão de Ordem, quis esclarecer a comunidade de que o Vereador que se licencia para tratamento de interesse não recebe salário. Isso é correto e nos honra como Câmara Municipal essa transparência. E volto a dizer: o Ver. Pedro Ruas está trabalhando em outra função, na representação da comunidade, só que, como a tarefa que ele está exercendo não diz respeito à sua ação mais cotidiana como Vereador, como ele está ausente do Plenário, está mais uma vez honrando o seu mandato sendo transparente e, não estando na Casa, se licenciou. Só fiz essa referência para o bem da Casa, pois temos uma obrigação redobrada.

A Câmara Municipal foi pioneira com a possibilidade - como diz o Ver. Lauro Hagemann citando o Álvaro Cunhal - de termos as nossas paredes de vidro: somos vistos pela comunidade. Aqui a comunidade sabe o que está acontecendo e ela precisa estar esclarecida sobre todos os pontos do nosso Regimento também. Eu faço questão de referir a V. Exas. que eu acredito que o nosso Regimento está certo quando dá a possibilidade de o Vereador se ausentar por uma Sessão e ser substituído. Isso garante que tenhamos sempre trinta e três Vereadores no Plenário, o que é muito importante para um parlamento, que as ausências não prejudiquem o trabalho global, que é maior do que todos nós individualmente. Mesmo que todos nós tenhamos um importante papel a desenvolver, a Câmara Municipal não pode parar. E ora, Srs. Vereadores, nós estamos a sete dias das eleições e estamos trabalhando aqui com o Plenário funcionando, com proposições, discutindo o Orçamento.

Esse pioneirismo da Câmara Municipal, com a transparência através da TV Câmara, com as Comissões Permanentes, nos honra e nos orgulha. E não é querer jogar confetes sobre nós mesmos, mas isso deve ser destacado como valor para a Cidade de Porto Alegre, porque nós procuramos ser, cada vez mais, aquilo que o nosso povo merece, aquilo que o nosso povo precisa: todas as bancadas sendo responsáveis e atuantes junto à comunidade.

Eu justifico ter feito uma Questão de Ordem com base no art. 218 e acredito estar trabalhando para o esclarecimento da comunidade, não entendendo a intervenção do Ver. João Dib, mas fico feliz com a possibilidade de saudarmos o Ver. Milton Zuanazzi. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Pedro Ruas, secundado pela autorização do Ver. Nereu D’Ávila. Os Srs. Vereadores que aprovam o pedido de licença do Ver. Pedro Ruas permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com a abstenção do Ver. João Dib.

Como conseqüência da licença do Ver. Pedro Ruas, deverá tomar posse, como já foi anunciado pelos Vereadores que fizeram o encaminhamento e por este Presidente, o nosso ilustre Ver. Milton Zuanazzi, ex-Vereador, nosso sempre Vereador, que volta a esta Casa.

Na condição de Presidente, eu peço a S. Exa. que entregue à Mesa o Diploma e a Declaração de Bens.

 

(É feita pelo Sr. Milton Zuanazzi a entrega do Diploma e da Declaração de Bens.)

 

A Mesa pede que todos, em pé, ouçam a leitura do compromisso, constante do art. 12, parágrafo 1º, letra "a", do Regimento, feita pelo Ver. Milton Zuanazzi, que toma posse neste momento.

 

(O Ver. Milton Zuanazzi lê o compromisso.)

 

Na condição de Presidente dos trabalhos, declaro empossado o Suplente, Ver. Milton Zuanazzi. Solicito a V. Exa., Vereador, que, da sua tribuna, confirme o seu nome parlamentar.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Milton Zuanazzi.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Milton Zuanazzi, em substituição ao Ver. Pedro Ruas, nos termos regimentais. O Ver. Milton Zuanazzi integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento - a CEFOR.

Conforme prevê o Regimento, no caso de primeira Sessão de posse, temos um espaço de cinco minutos para tema livre do Vereador, que será usado agora pelo Ver. Milton Zuanazzi.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sou daqueles que, no momento em que vai votar, sempre se emocionam, mesmo quando votei em mim, quando votei em alguém que convivi por longo período. A capacidade de se emocionar não se perde, mesmo adquirindo experiência. Então, encontro-me emocionado nesta tribuna, novamente, depois de estar afastado desta Casa por um ano, dez meses e dezenove dias.

Como todos sabem, sou o segundo Suplente da Bancada do PDT, e o Ver. João Bosco é o primeiro Suplente. E até hoje, em todas as licenças dos nossos colegas de bancada, assumiu sempre o Ver. Mário Fraga, por decisão minha, pessoal, e do Ver. João Bosco, porque estávamos em outras atividades.

Nesse momento eleitoral, mais uma vez, joguei-me de corpo e alma e mais uma vez tive a capacidade de bater no poste, algo que me é peculiar. Inclusive não me trouxe de volta a esta Casa a última eleição. Fiz os votos que planejei fazer, como de resto tinha feito os votos que planejei fazer para me manter nesta Casa. Infelizmente, por circunstâncias até da nossa legislação eleitoral, não houve vaga suficiente para a nossa chegada na Câmara de Deputados.

Esta circunstância é até o motivo da polêmica - brincava com o Ver. Elói Guimarães e o Ver. José Valdir - na minha chegada, uma polêmica que me agrada, pois não gosto de polemizar sobre tudo, mas o debate sempre pautou a minha vida. Vou dar a minha apimentada no debate: nenhum dos Srs. Vereadores presentes aqui, sequer a Vera. Maria do Rosário com seus brilhantes vinte mil votos, elegeu-se sozinho. Todos os Vereadores dependem de suas bancadas, de suas nominatas ou da sua coligação. Portanto, os Suplentes, não importa se primeiro, segundo, terceiro, quinto, décimo Suplente, são colaboradores do mandato, um pleno colaborar. Se algo está errado no Regimento das Casas Legislativas, na minha opinião, está errado o Regimento da Assembléia Legislativa e da Câmara Federal e está correto o Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Neste momento em que o Ver. Pedro Ruas, licenciado, pois se encontra em campanha eleitoral... Aliás, desde sexta-feira viajou com os companheiros Lula e Brizola para um grande roteiro. Na Sessão de sexta-feira não houve quórum. Talvez das primeiras Sessões da história da Câmara, que eu conheça, em que não houve quórum, eu estava presente. Não havendo quórum na sexta-feira, eu não pude assumir e, portanto, estou assumindo agora, na integralidade do mandato do Ver. Pedro Ruas, porque sou colaborador do seu mandato, como também do mandato dos Vereadores Nereu D’Ávila, Elói Guimarães e Isaac Ainhorn. Portanto, sou partícipe e acho que qualquer licença, principalmente porque a nossa Casa não paga àquele que se licencia por interesse pessoal, proporciona ao seu Suplente a integralidade, que assuma e corresponda ao mandato da sua bancada, daqueles com quem ele colaborou e ajudou a eleger. De forma que o nosso Regimento está no caminho correto.

Ver. João Dib, muitas vezes não se justifica a licença na segunda e outra na quarta, com o intervalo na terça. Pode não se justificar, mas é um outro problema. É um problema da execução dos trabalhos das Comissões, da qual eu tive o orgulho de dizer - e a Vera. Maria do Rosário é sabedora disto, pois ela foi minha companheira de Comissão:  sempre tivemos o registro das presenças e ausências na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos desta Casa durante a minha presidência. Então, esse é um trabalho que diz respeito a uma outra questão, não necessariamente do Plenário.

Encerraria dizendo que há uma figura ilustre da política internacional que aos 32 anos se candidatou a Vereador e não se elegeu; aos 35 anos, candidatou-se a Deputado Estadual e não se elegeu; aos 38 anos, candidatou-se a Deputado Federal e não se elegeu; aos 42 anos, foi candidato a Prefeito e também não se elegeu; aos 52 anos, foi candidato a Senador e também não se elegeu; aos 55 anos, foi novamente candidato a Senador e não se elegeu; aos 60 anos, foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América, que foi Abraham Lincoln. Nunca se elegeu para nada. Elegeu-se para Presidente da República. Em cima da história de Lincoln, que certamente não será a minha, fica uma mensagem minha de fé, de esperança, de garra, de manutenção da luta, de perseverança, de não se entregar, de ter ideais e querer sempre conquistá-los, não importa a idade, não importa como, não importa quando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tomo a liberdade de dizer que nos sentimos plenamente confortado e faço minhas as palavras do Vereador, quase Deputado Federal. Os nossos cumprimentos em nome da Mesa Diretora, dos Vereadores que já aplaudiram V. Exa.. Seja bem-vindo, trazendo-nos luz, inteligência, juventude e muita esperança.

Os Vereadores Henrique Fontana e Guilherme Barbosa solicitam Licença para Tratamento de Interesses Particulares por um dia.

 

(Obs.: Foram aprovados Requerimentos de licença dos Vereadores Henrique Fontana e Guilherme Barbosa e dada posse aos Suplentes, conforme consta na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero abordar três itens antes de discutir o Orçamento. Primeiro, quero agradecer ao Ver. Adeli Sell pela troca do espaço; em segundo lugar, dizer à Vera. Maria do Rosário que concordo em gênero, número e grau com a sua observação, já que aqui as paredes são vítreas, transparentes. Tomara que um dia o Sr. Prefeito, quando S. Exa. for para o Exterior, retire aquelas acusações de que não trabalhamos; quando não trabalhamos, não recebemos. Isso é fundamental.

Em terceiro lugar, Ver. Milton Zuanazzi, gostaria de lhe dizer duas coisas fundamentais. É uma honra imensa ocupar o mesmo gabinete que V. Exa. ocupou. Um dia tive a oportunidade de encontrar fragmentos escritos por V. Exa., Vereador, os quais demonstram a sua retidão de caráter e a sua postura como homem de partido e, principalmente, a sua capacidade de comunicação. E, ainda, que esta Casa está enriquecida, sobremaneira, com a presença do Ver. Milton Zuanazzi.

Gostaria de abordar os aspectos fundamentais da nossa Lei de Diretrizes Orçamentárias relativos à Secretaria Municipal de Saúde.

O Ver. Adeli Sell ressaltava, no fim do seu discurso, que gostaria de debater o Fundo da Criança e do Adolescente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Esse debate tem um foro especializado, que é a Assembléia Legislativa do Estado. Aqui, quem sabe, possamos debater a Fundação destinada à assistência social na Cidade de Porto Alegre. Por outro lado, falou que nada existe em relação às duas extremidades - crianças e idosos - no Governo do Estado. Queria alertar o Ver. Adeli Sell de que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul festeja, com toda a alegria, a intensa e notável diminuição da mortalidade infantil no Rio Grande do Sul pelos programas voltados para a criança, principalmente nas Cidades de Erexim e Passo Fundo, atingindo cifras próximas às do Primeiro Mundo.

Por último, existe, sim, um excelente programa de idosos no Estado, principalmente na Secretaria da Saúde, onde o idoso é tratado diferenciadamente e em excelente condições teórico-práticas de previsão das necessidades de pessoas idosas, tanto quanto das crianças.

E, embocando nesse assunto, o Sistema Único de Saúde traz, como enriquecimento para o Orçamento da Cidade de Porto Alegre, que está em 891 milhões, já incluídos os 26 mil do Sistema Único de Saúde. Ou seja, os 13.70% destinados à saúde deverão ser calculados em cima dos 891 milhões, e não em cima dos 631 milhões, como é feito pelo Executivo. Isso não é dito nem aqui e nem nos debates pré-eleitorais que são feitos na televisão. Mas mais de 90% de tudo que se faz em saúde, na Cidade de Porto Alegre, é garantido, financiado, suportado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do Governo do Estado; menos de 10% são referências às iniciativas da Secretaria Municipal de Saúde.

Então, que se recoloque essa verdade para que este tão malsinado Governo Federal, este tão malsinado Governo Estadual, do ponto de vista do Paço Municipal, seja justificado. Que seja reposta a verdade de que, mais de 90% da assistência à saúde, na Cidade de Porto Alegre, não são promovidos pelo Município. São promovidos pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Estado através da sua Secretaria Estadual da Saúde.

Por outro lado, é fundamental que se diga que o Sistema Único de Saúde, ao dar este aporte, faz com que ele esteja acima das necessidades da Secretaria Municipal de Saúde, mesmo quando o aporte de pessoas do Interior para a Cidade de Porto Alegre seja intenso, seja próximo a 32% e não 40%. É mais importante, ainda, que se saiba que diminuiu, na Cidade de Porto Alegre, o número de autorizações de internação hospitalar, que está dentro da previsão feita pelo Ministério da Saúde em relação à Cidade de Porto Alegre. Não foram completadas as amplas margens de internação hospitalar numa cidade em que o mínimo que deveria haver por parte do Município é a recuperação dos leitos perdidos a cada ano. Este é um dos panoramas mais difíceis, que são as emergências dos Hospitais de Porto Alegre. O Hospital Lazarotto está fechado, o Hospital Vila Nova está fechando, o Hospital Belém tem metade da sua capacidade sendo usada.

Na verdade, deveria haver uma iniciativa por parte da Secretaria Municipal da Saúde no sentido de resgatar o número de leitos perdidos. É fundamental que se busque, nesta quantidade de leitos perdidos, uma das razões, e aqui eu tenho me referido, durante um ano e nove meses, sem parar, em quase todos os meus pronunciamentos, da falta, da ausência, da insuficiência de uma política municipal de saúde. Entendo como política municipal de saúde o desenvolvimento, a difusão num sistema social, na intimidade do tecido social, de atendimento primário. Este atendimento primário está deficitário na Cidade de Porto Alegre em mais de 50% da sua população.

A Cidade de Curitiba tem noventa e cinco postos de saúde, todos construídos pela Prefeitura. São postos pequenos, com equipes de saúde da família e que desenvolvem uma assistência primária exemplar. Depois, então, ela é completada por postos regionais especializados, os postões, e, por fim, os grandes grupos hospitalares de Curitiba, onde se faz o atendimento terciário. O que quero dizer com isso é que se estabeleça, Ver. Pedro Américo Leal, um projeto com atendimento primário fundamental e secundário, acoplado a esse primário, de forma que tenhamos distritos de saúde, como tem no Grupo Hospitalar Conceição. Quatro distritos de saúde dão pleno atendimento a todas as pessoas que precisam usar o Sistema Único de Saúde, seja na parte primária, seja na parte de hospitais.

 

O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas gostaria de pedir vênia para tentar corrigir um enfoque que V. Exa., seguramente, com a melhor  boa-fé, está encaminhando equivocadamente quando diz que o Município gasta apenas 10%, que o restante dos recursos são federais e estaduais. Queria dizer a V. Exa. que todos os recursos são do Município, são repasses obrigatórios e que, eventualmente, esses repasses têm sido difíceis. Por outro lado, V. Exa. precisaria dizer ao público de Porto Alegre que 65% dos atendimentos são de pessoas de fora do Município.

Neste domingo, eu tive o trabalho de medir o número de ambulâncias próximas ao Pronto Socorro de Porto Alegre. V. Exa. poderá sair daqui agora e ir lá olhar; as pessoas que passarem por perto que olhem: se houver cinco ambulâncias lá, quatro são de fora. Então, é mais de 60%.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ver. Clovis, não chega a 40%. São 35 e poucos por cento. Sessenta e cinco por cento não é verdade. Eu não vou deixar que este aparte continue.

 

O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. está fazendo assim como faz o Proença, o Busatto e o seu Governador.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu já lhe dei um longo aparte. V. Exa. está abusando. Não vou permitir. Sr. Presidente, peço que me assegure o tempo e não vou dar mais aparte ao Ver. Clovis Ilgenfritz.

 

O SR. PRESIDENTE: O microfone de apartes do Ver. Clovis Ilgenfritz já está cortado.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu lamento profundamente o problema, que é uma questão de limites, de medidas, e isso cada um usa como quiser.

É fundamental que se diga que uma análise de ambulâncias não resiste a qualquer coisa científica. O que está se falando são pesquisas científicas feitas em torno de freqüências hospitalares, de ambulatórios. Evidentemente que existe um problema sério, grave, na saúde, que é a impossibilidade da descentralização. Isso é um problema sério, mas o que atrapalha é que a Cidade não tem uma política municipal de saúde. E isso é o conjunto de coisas, e não um dado específico, e não uma filigrana pinçada do número de ambulâncias em volta do Pronto Socorro para chegar a uma tese e dizer que meu número está equivocado. Meu número está correto, certo e pesquisado cientificamente.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Cláudio Sebenelo, vou reforçar o pronunciamento de V. Exa. quando diz que o Município não gasta 10% do seu Orçamento na saúde de Porto Alegre. Não sou eu quem diz. É a Comissão de Justiça desta Casa, por unanimidade e com dois votos do PT, que diz que os 13% deveriam ser do Orçamento global do Município e a Prefeitura só usa 13% da Centralizada, o que não chega a 10%.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ao encerrar o meu pronunciamento, quero dizer que o Grupo Hospitalar Conceição, com quatro hospitais, a PUC, que não é da Prefeitura, o Hospital de Clínicas, que é sustentado pelo Ministério da Saúde... Não é verba do Município. Só o Pronto Socorro Municipal tem verba exclusiva do Município, e nós sabemos dos problemas graves que houve no Pronto Socorro, principalmente em relação ao seu sucateamento e que foi denunciado e que motivou, inclusive, a mudança de um Secretário, para nossa tristeza.

Fundamentalmente, queremos dizer que, em dez anos de Administração, não se plasmou uma política municipal de saúde, e isso venho dizendo desde o início desta legislatura. E todas as vezes que eu me refiro a isso refiro-me a um conjunto, e esse conjunto não está sendo completo e isso faz com que existam problemas graves, inclusive dentro de Porto Alegre, onde mais de 50% da população carente não têm acesso ao atendimento primário. Isso é fundamental!

Eu quero saber onde está aquele telefone pelo qual se poderia marcar consultas, que foi tão badalado, tão festejado. Realmente, o algoz da atual Administração que ocupa o Paço Municipal, o Ministério da Saúde, o algoz que é a Secretaria Estadual de Saúde prestam mais de 90% de colaboração nesse trabalho. A Prefeitura entra com menos de 10% - não é do Orçamento, não - do que existe. Isso é fundamental, e quando nós precisamos de cem equipes de saúde da família, nós temos somente vinte e oito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está inscrita e cede o seu tempo para  o Ver. Juarez Pinheiro, que está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, fazendo coro com os Vereadores que me antecederam, quero aqui saudar o Ver. Milton Zuanazzi, um parlamentar e uma figura política reconhecida não só nesta Cidade como em todo o Estado pela sua coerência, pela sua competência e com uma larga folha de serviços públicos já prestados a esta Cidade e a este Estado.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez, V. Exa. também fala em nome desta Presidência.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Obrigado, Vereador-Presidente. Nós que vivemos em Porto Alegre estamos de parabéns. Nós estamos alegres. Hoje entra em discussão de Pauta Especial, nesta Casa, quando os Vereadores poderão fazer uso da tribuna por até quinze minutos, uma proposta que anos atrás era uma caixa preta, algo fechado que os parlamentos, em nível de União, em nível de Estado e em nível municipal, podiam meramente dizer sim ou dizer não. Estamos hoje iniciando a discussão de algo que foi feito não a duas mãos, não a quatro mãos, mas a milhares de mãos, no mínimo trinta mil mãos.

Numa época de hegemonia das políticas neoliberais, que retiram dos trabalhadores seus direitos, que retiram políticas sociais, numa época em que alguns pregam o fim da história, da prevalência do individual sobre o coletivo, estamos trazendo a esta Casa mais do que um orçamento. Estamos aqui trazendo a vontade da população desta Cidade, da cidadania, do movimento popular organizado desta Cidade. Estamos aqui dizendo sim à democracia participativa, juntamente com a democracia representativa, da qual muito me orgulho de ser um de seus membros.

Sou advogado. Já fui assessor sindical, já fui diretor de hospital, juntamente com o Ver. Cláudio Sebenelo. Já fui, por pouco tempo, comerciante; já fui Assessor Jurídico do Prefeito. Hoje sou Vereador. Foram momentos em que tive satisfações de ordem pessoal, algumas até com pompa, mas as que me tocaram mais profundamente na minha alma, em minha atuação pública, foram as emoções que vivi como delegado do Orçamento Participativo, aquelas discussões com as pessoas excluídas do processo social, que cresciam discutindo seus problemas, que começavam a entender como se dá a organização da sociedade em todos os seus níveis - municipal, estadual e federal.

Tenho muito orgulho em ser Vereador de Porto Alegre, cidade referência em nível mundial, porque a experiência do Orçamento Participativo é única e reconhecida não só na América por quase todos os países, mas inclusive na Europa. Queremos dizer que hoje é um dia especial, quando o Orçamento Participativo completa dez anos e quando a gente, na condição de Governo, quando a Bancada do PT, da Frente Popular, traz esta proposta para discussão dos Srs. Vereadores.

Acho que a saída é coletiva. Tanto acho que, em 1989, por ocasião da elaboração da Carta Estadual, consegui colocar junto aos Deputados, especialmente o Dep. Jaury, inclusive com a colaboração, na época, do Dep. Sérgio Zambiasi, a possibilidade de incluir - ele votou a favor - proposta do Dep. Jaury de Oliveira, do PSB, da Frente da Popular, que fazia com que a população pudesse, mediante quinhentas assinaturas ou duas entidades, participar da elaboração do Orçamento em nível estadual através da apresentação de emendas populares. Não ficou, como na Constituição Federal, como na própria Lei Orgânica, que ficou ungida aos 5% mínimos exigidos pela Carta Federal, apenas na retórica. Recebemos, a cada orçamento, dezenas, às vezes centenas de emendas populares, demonstrando a vontade da cidadania de participar da formação da Lei de Meios.

O Orçamento Participativo traz no seu processo uma série de condições importantes para desenvolvimento de uma cidade, em primeiro lugar, porque distribui os recursos de forma homogênea, não concentrando mais em regiões onde prevaleçam as camadas de maior poder aquisitivo, com maior capacidade de pressão, mas distribuindo de forma absolutamente uniforme para toda a Cidade. Hoje o que se vê é uma Porto Alegre crescendo de forma homogênea, com qualidade de vida, onde as pessoas se orgulham de dizer que são porto-alegrenses, onde as pessoas se orgulham de dizer que aqui funciona o Orçamento Participativo. Quanto mais aberta for a discussão de um orçamento, quanto mais pessoas participarem da sua elaboração, mais capacidade, mais certeza, mais condições teremos de acertar e muito menos possibilidade de haver desvios, de haver emendas como as colocadas no Orçamento da União, após, inclusive, votação e aprovação. Muito mais poderá haver no Estado, que hoje não tem isso. Hoje o Governador não cumpre a obrigação constante da Carta Estadual de colocar 10% para a saúde e não destina, como disse no seu pronunciamento, 8,5%. Destina apenas 2,4% para o Orçamento no que tange à questão da saúde.

Na proposta hoje discutida temos um orçamento, incluindo Administração Direta, DMLU, FESC, DEMHAB, DMAE, com um total de 829 milhões, 63 mil e 62 reais. O total de investimentos em obras equivale a 174 milhões, 530 mil e 469 reais. É um investimento significativo - quase o dobro do que temos hoje na peça orçamentária do Estado. 

 

O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Companheiro Juarez, eu queria colocar, para ilustrar a sua explanação, que me parece que pegou um dos pontos essenciais do debate em questão sobre a natureza da peça orçamentária, como ela é composta há mais de dez anos na Prefeitura de Porto Alegre, e reforçar dizendo que esse é exatamente o contraponto e talvez o que demonstre, de forma muito clara, a natureza diferente das propostas que hoje dividem o Estado em dois. Quer dizer: de um lado, a democracia participativa, a transparência naquilo que é o essencial, que são as finanças públicas e onde elas vão ser administradas e como vão ser aplicadas; e, de outro lado, aquela forma tradicional, onde os grupos que estão no poder decidem, a seu bel-prazer e, via de regra, beneficiando a si próprio, o seu segmento, para onde vai ir o dinheiro público.

O exemplo mais nefasto para o Estado foi esse de jogar caminhões de dinheiro para duas montadoras, enquanto a terraplanagem do terreno da GM custou o dobro do que foi aplicado em saúde no Estado. Então, para ilustrar, eu queria reforçar isso, porque essa é a natureza fundamental que diferencia os dois projetos em questão.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: A clareza das suas colocações, Ver. Gerson Almeida, realmente ilustram uma matéria tão importante que hoje nós discutimos, inicialmente, neste Parlamento. Nós queremos dizer que o Conselho do Orçamento Participativo, e esta proposta foi absorvida pelo Poder Executivo, priorizou o saneamento básico. Em primeiro lugar, a pavimentação comunitária; em segundo lugar, a política habitacional, a educação e a saúde.

Eu tenho, por dever de ofício, que comentar aqui algumas afirmações do Ver. Cláudio Sebenelo, porque não é possível que transitem em julgado as palavras do Ver. Cláudio Sebenelo, que, mercê da sua reputação de pessoa séria e um ex-dirigente de uma das maiores empresas hospitalares deste Estado, se vá ter aquilo que ele aqui disse como verdadeiro. Em primeiro lugar é preciso destacar, num dado comparativo, o percentual de recursos que o Governo Estadual coloca para a saúde e o percentual que essa peça orçamentária, hoje discutida, coloca. O Governo Estadual não coloca 8,5% como disse no debate; coloca, sim, 2,4% dos recursos orçamentários para a saúde.

O Governo Estadual não diz aqui, senhores, que defende... Ver. Pedro Américo Leal, se temos discordância na minha primeira colocação, não temos na segunda, porque V. Exa. é uma pessoa muito séria e acompanha com critério. O Governador do Estado dá apoio ao projeto das organizações sociais, que significa a privatização da saúde. Se não fosse a unidade do movimento sindical dos trabalhadores da saúde, da CUT e de muitos parlamentares, nós já teríamos aqui o HPV e nós já teríamos o Grupo Hospitalar Conceição absolutamente privatizados, porque a Secretaria Estadual da Saúde silenciou sobre esta questão que é de maior importância.

Não disse aqui o Ver. Cláudio Sebenelo que é característica desse modelo que ele defende a diminuição gradativa e cada vez maior de recursos para a saúde. Para pagar os 63 bilhões de reais de juros exigidos pelo FMI, pelos organismos internacionais e pelos agiotas internacionais, o que o Governo Federal faz é retirar verbas da saúde que cada vez diminuem mais. Criaram a CPMF e desviaram recursos da CPMF para outras áreas.

Quero dizer mais, algo que não foi dito ainda: o Ministro da Saúde, do partido do Ver. Cláudio Sebenelo, do PSDB, desligou de forma sub-reptícia, da forma mais desqualificada possível o Conselho Nacional de Saúde, um organismo que os trabalhadores da saúde conquistaram com o trabalho dos Conselhos Municipais de Saúde, Conselhos Estaduais de Saúde. Pois o Ministro Carlos Albuquerque, de péssima lembrança, por sua passagem opaca pelo Ministério da Saúde, quando se submeteu à área econômica do Governo, retirando vultosas verbas da área da saúde, pois esse Ministro do PSDB desligou o Conselho Nacional de Saúde - isso é muito sério -, uma conquista dos trabalhadores. Desligou-o do seu gabinete e o vinculou ao Conselho Nacional de Saúde, que é o órgão propositor de política de saúde, a um organismo de quarto escalão.

Quero que o Ver. Cláudio Sebenelo, que vem aqui falar em saúde, me diga se ele defende essa proposta do seu ex-Ministro, o mais opaco que já passou por aquela Casa. E quero dizer mais: se hoje o Hospital Conceição funciona e atende razoavelmente a população dessa Cidade, mercê do trabalho de seus profissionais, depende de alguém que é do PSB, que é da Frente Popular, que em 1993 colocou o Hospital Conceição como um organismo voltado para a educação, para a saúde, e por isso recebe hoje mais de 1 milhão de dólares mensalmente para custear as hospitalizações. E nós não queremos aumentar as IHs nos hospitais. Nós queremos é saúde preventiva, nós queremos é que a população não precise chegar ao hospital, nós queremos investir dinheiro na prevenção, e não no lucro dos grupos privados que hoje dominam a saúde.

Eu teria muito para dizer, mas quero, com muita honra, ceder o aparte a minha Líder, Vereadora e Deputada Maria do Rosário.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. concede um aparte? (Assentimento do orador.) Somente para contribuir com a sua análise, quero dizer ao Ver. Cláudio Sebenelo que nós temos vinte e nove Programas de Saúde da Família funcionando nas comunidades que têm maior dificuldade de acesso à saúde em Porto Alegre. Temos oitenta e cinco unidades de saúde em Porto Alegre. Acho importante o Vereador conhecer essas oitenta e cinco unidades de saúde, muitas das quais recebemos destruídas do Governo Estadual. Temos o Posto de Saúde Bom Jesus funcionando vinte e quatro horas, também o Pronto Socorro Zona Sul funcionando vinte e quatro horas. Ressaltamos a importância de a comunidade estar recebendo este ano o anexo do HPS, que estará concluído no próximo ano, o que é um ganho para Porto Alegre e para toda a comunidade. Muito obrigada.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Agradeço a V. Exa. pelo aparte. Como sempre, V. Exa. é precisa nos dados. E eu quero acrescentar um dado que o Vereador ressalta como mérito do Governo do Estado, que é a diminuição da mortalidade infantil. Essa diminuição só ocorreu quando deixou de haver a centralidade dos recursos do Governo do Estado, quando os recursos, por decisão do Sistema Único de Saúde, foram repassados para os Municípios. E quem mais contribui para a diminuição da mortalidade infantil é o Município de Porto Alegre. Isso não é nenhum mérito desse Governador que, felizmente, está terminando o seu mandato. Isso é mérito do SUS, que, implementando a fiscalização por parte das comunidades dos recursos repassados, consegue também melhorar os índices de saúde.

Eu vou voltar a discutir esta matéria nas próximas Sessões, porque quinze minutos não são suficientes para que eu possa delongar-me sobre os números que o Ver. Cláudio Sebenelo aqui trouxe, derrubá-los um a um e mostrar que o Governo Estadual não se preocupa com a saúde deste Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta Especial. Srs. Vereadores, eu vou pedir a atenção de V. Exas. Eu tenho certeza absoluta de que todos os Vereadores desta Casa se orgulham deste Legislativo e do trabalho que é feito aqui, na Casa do Povo. Nós temos um material institucional que eu gostaria que todos os Vereadores pudessem conhecer. Eu vou pedir condições para que a equipe técnica possa oferecer as imagens para V. Exas.

 

(É feita a exposição do vídeo.)

 

Conforme o vídeo institucional, elaborado pela equipe de jornalismo da TV Câmara, relativo aos trabalhos deste Legislativo, foi colocado que existem Sessões Secretas. Precisamos solicitar que isso seja retirado do vídeo, pois não existem mais Sessões Secretas na Câmara desde a promulgação da Lei Orgânica do Município há  mais de dez anos.

Vou aproveitar e informar aos Srs. Vereadores que os primeiros trabalhos de fixação do nosso painel de votação já foram feitos. Acredito que até o final deste mês já estará instalado o painel e, a partir daí, poderemos marcar os treinamentos com os Srs. Vereadores para que estejam aptos a fazer as votações com maior celeridade, a fim de que já possamos votar o Orçamento da Cidade, que é um projeto bastante complexo e com muitas emendas, com maior rapidez, assim como todos os outros projetos que passam pela Câmara Municipal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, regozijo-me muito com as iniciativas que V. Exa. está tomando. Todavia, foram fundadas as minhas preocupações quanto ao uso deste Plenário, porque vejo que ele está sendo usado, não digo indevidamente, mas em tropelia. E vaticino como terrível a ocorrência dessas pessoas que vêm aqui e que não poderiam entrar neste Plenário, e sim terem ficado no outro; a  destruição, com esta manipulação das teclas. Não só as cadeiras estão sendo devastadas, como o Plenário está sendo bastante sofrido, e prevejo a eliminação disso dentro de pouco tempo.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. sabe que existe uma Resolução, desde o ano passado, sobre a utilização deste Plenário, ou seja, que o Plenário seja usado por apenas alguns segmentos com vinculação a partidos políticos. Nós estamos tendo todo o cuidado para que essa Resolução seja cumprida.

Informo aos senhores que o Plenarinho, aquele que nós utilizamos por algum tempo, está em reforma e, dentro de mais alguns dias, nós vamos oferecer para todas as entidades e comunidades um espaço realmente muito qualificado, no Plenarinho, para que também possa ser utilizado nos mais diversos momentos. Com o Plenarinho pronto, este Plenário, praticamente, vai ser liberado para a utilização dos assuntos dos Srs. Vereadores, assim como está sendo utilizado agora, mas aí com maior rigor ainda com relação à utilização para os Vereadores, porque, afinal de contas, são os Vereadores que representam a sociedade, e este Plenário existe para que nós, Vereadores, possamos realizar todos os eventos relativos aos segmentos que aqui representamos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, solicito a V. Exa. que nos apresente, enfim, a quem se destina e o que nós desenvolveremos com este vídeo, porque ele é de bastante importância, porque, dependendo do público a que se destina, nós poderemos ter um tipo de avaliação: se a linguagem usada está pedagogicamente possibilitando relacionamento com as questões da Casa ou não e se as sugestões que nós possamos fazer ainda poderão ser aproveitadas, se nós já concluímos ou se é apenas uma etapa.

 

O SR. PRESIDENTE: Esse trabalho foi realizado pela empresa que produz hoje os nossos programas para a televisão, e acredito que este programa irá ser mexido. Ele até tem uma informação que está incorreta, que é a informação sobre as Sessões Secretas, e, já que ele terá que ser mexido, eu acredito que nada melhor do que nós podermos aduzir aí alguma informação a mais. Este vídeo foi feito exatamente para podermos dar informações mais corretas àquelas pessoas que nos visitam. E nós recebemos aqui - e V. Exa. sabe - muitas visitas, principalmente de alunos, dos mais diversos colégios e de todos os segmentos da sociedade que aqui vêm para conhecer a Câmara Municipal. É institucional. Faz parte daquela necessidade que nós temos de mostrar como funciona o nosso Legislativo.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, na exposição apresentada sobre a Câmara Municipal, quando se aprova na Câmara um Projeto de Lei, diz que “o Prefeito sanciona ou veta”, mas ele poderá silenciar, nem uma coisa e nem outra. E aí “é promulgado pelo Presidente da Câmara”.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está correto. É mais informação que deverá ser corrigida para que ela possa ficar completa.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, uma preocupação com relação a essa votação eletrônica: a minha preocupação é que, assim como não existe mais a Sessão Secreta, também não há mais o voto secreto. Então, a preocupação que quero colocar é com o painel, se o público que visita a Câmara e está nas galerias na hora de votarmos conseguirá identificar o voto de cada Vereador. Nós temos essa preocupação em função do que nós colocamos na Lei Orgânica.

 

O SR. PRESIDENTE: Com certeza. O painel deverá ficar aqui, bem à mostra ao público e aos Srs. Vereadores. Todos os que estiverem presentes poderão ver como votou cada um dos Vereadores.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu penso que o vídeo merece uma avaliação, uma checagem para podermos detectar outros problemas de informação, assim como esses que já foram detectados primeiramente como coisas que devam ser mudadas. Há uma outra observação que eu gostaria de fazer, como professor, já que esse vídeo se destina ao aluno. Eu achei que ele tem um número excessivo de informações e possui uma linguagem muito técnica, talvez porque tenha se prendido muito ao Regimento. Então, para a finalidade a que ele se propõe, teria que suavizar um pouco a informação, sintetizando-a.

 

O SR. PRESIDENTE: É claro que, quando o vídeo for apresentado, teremos por perto pessoas que vão esclarecer as possíveis dúvidas que possam restar, principalmente para os alunos que venham até aqui. Então, as crianças não vão ficar apenas com a informação do vídeo, que poderá ser complementada por qualquer um dos Vereadores que estiverem presentes ou, então, pelo pessoal que estiver acompanhando a apresentação do vídeo.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Em primeiro lugar, desejo enaltecer essa iniciativa didática da disposição do que é um Poder Legislativo Municipal. Queria aduzir e sugerir que esse material não ficasse só para a ilustração dos que vêm à Câmara, mas, como a própria Vera. Maria do Rosário chegou a quase enfocar, que esse vídeo fosse distribuído às escolas para que, eventualmente, em aulas que as professoras ou a direção assim o entendessem, pudessem ver como funciona um poder, quando ele fosse apresentado. Observamos, através de formulários que foram cedidos aos colégios, que existem muitas pessoas desinformadas a respeito do próprio Poder. Então, eu sugeriria que, futuramente, esse vídeo fosse distribuído.

A segunda sugestão que eu faço refere-se mais especificamente ao vídeo, já que ele vai sofrer modificações. Eu verifiquei duas coisas: uma, o Plenário não foi avisado - eu, pelo menos, não fui avisado - da filmagem, e há assentos vagos em várias bancadas. Todos deveriam ter sido avisados da filmagem. O Plenário deve estar lotado, e devem ser filmadas todas as bancadas, para informação do público que vai ver o vídeo. Penso que deverá ser feita uma nova filmagem, quando todos os Vereadores deverão ser avisados. Se não quiserem vir, tudo bem, mas muitos assentos vagos, como aparece nesse vídeo, dá uma impressão ruim.

Aduzindo a isso: foi filmada a bancada de jornalistas, ou uma bancada suplementar, e não foi explicado que aquela era, também, uma assessoria. Didaticamente, isso deve ser informado.

Finalmente, já que estamos dando sugestões e já que, eu imagino, isso vai ser distribuído futuramente: ao final do vídeo, deveriam ser apresentadas as nove bancadas com os trinta e três componentes ao lado da Mesa Diretora dos trabalhos.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, no curso da observação do vídeo - diga-se de passagem, bem apresentado -, eu detectei que há, a meu juízo, uma imprecisão técnica quando se fala em Líder do Poder Executivo. Do ponto de vista técnico, deve-se dizer Chefe do Poder Executivo.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está correto. Essa é uma correção que deve ser feita.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, esta Casa se caracteriza por algumas coisas fundamentais e totalmente diferentes das de outras Casas Legislativas. Nesta Casa, a produção dos Vereadores fora do horário normal de expediente não é paga, isto é, quando somos convocados extraordinariamente, não recebemos nenhuma retribuição pecuniária. Eu considero fundamental que isso seja informado para que haja transparência. Evidentemente ninguém está falando em política salarial. Não é nada disso, mas eu penso que deve servir como exemplo para outras Casas Legislativas a importância de um trabalho feito independente de qualquer retribuição.

 

O SR. PRESIDENTE: É bom que os Vereadores tenham gostado, pelo menos, da idéia geral que o vídeo pode transmitir para V. Exas. Haverá alguma correção. Também estou vendo o vídeo pela primeira vez. Concordo que existem lacunas, imperfeições que têm que ser corrigidas, porque as informações que vamos passar para o público que nos visita ou que vai receber este vídeo têm que ser as mais corretas possíveis para que eles tenham uma noção perfeita de como funciona o nosso Legislativo Municipal.

Passamos à

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2893/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 006/98, que revoga o § 3º do art. 126 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (cômputo de tempo de serviço público para concessão de adicionais)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2894/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/98, que altera o inc. I do art. 253 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (altera o prazo máximo p/estágios no serviço público municipal)

 

PROC. 2895/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 008/98, que revoga o art. 10 e seu parágrafo único da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (exame psicológico para ingresso no serviço público municipal)

 

PROC. 2896/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 040/98, que altera o § 1º do art. 21 da Lei nº 6309, de 28 de dezembro de 1988. (permite alteração, por Decreto, da denominação e da classificação dos Grupos de Direção para Assessoramento e vice-versa)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2798/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 031/98, que altera e ajusta bairros antigos ao sistema viário atual; cria novos bairros legais nas áreas indefinidas do território urbano e compatibiliza as Regiões de Planejamento do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental aos limites de bairros.

 

 

PROC. 2884/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 033/98, que autoriza o Departamento de Água e Esgotos – DMAE a contratar operação de crédito com a Caixa Econômica Federal – CEF, visando à implementação, no Município de Porto Alegre, do Programa Pró-Saneamento.

 

PROC. 2885/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 034/98, que dispõe sobre o regime de adiantamento a funcionários da Administração Centralizada, Autarquias e Fundação.

 

PROC. 2886/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 005/98, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 07, de 07 de dezembro de 1973, e dá outras providências. (legislação tributária do Município)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cláudio Sebenelo para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero voltar a uma matéria que está em 2ª Sessão, sobre a qual já falei em 1ª Sessão e que merece um debate muito maior do que o simples vôo de pássaro, de se falar uma vez e ficar no esquecimento.

Com a data de 30 de setembro de 1998, reitero - falo da data com a proximidade com o pleito eleitoral, até por uma certa distância do pleito eleitoral -, é solicitado e apregoado pela segunda vez em Pauta um pedido oriundo do Gabinete do Sr. Prefeito que altera o prazo máximo no serviço público municipal.

Cada vez que leio - e mais e mais se lê o arrazoado oriundo e assinado pelo Prefeito José Fortunati -, cada vez mais me convenço que é muito mais importante a entrelinha do que está dito, a forma como está dito, a época em que está dito do que, propriamente, o conteúdo especificado de aumento do tempo de estágio de um para dois anos.

Sabe-se que os estágios curriculares, na maioria das faculdades, duram seis meses; no máximo, um ano. Aumentar para dois anos é mais do que demasia - é uma exorbitância -, até porque os cursos são de dois, três, quatro, cinco e seis anos, sendo de seis anos o curso de Medicina, e cinco de Engenharia, e também são por semestres.

Aqui somos obrigados a fiscalizar, a sermos fiéis e atentos fiscais do que ocorre na Administração Municipal, e não podemos concordar com esse verdadeiro absurdo nesta época, época de eleições, época de dependências, época de esperanças, que um estagiário passe a ter a sua conduta, inclusive política, determinada por um tempo de estágio. Em segundo lugar, o estagiário não tem obrigações trabalhistas e, não tendo essas obrigações trabalhistas, passa a ser muito mais fácil nomear um estagiário para cumprir as funções de um concursado, que deixa de ser chamado para cumprir aquela função. O estagiário é mão-de-obra barata, mão-de-obra sem conseqüência trabalhista, sem amparo legal. É muito mais fácil rechear, dobrar a carga de trabalho apenas com um Projeto de Lei que venha, que seja aprovado e que depois fique dependente da sua aprovação e sendo usado como mão-de-obra barata, como impedimento para que outros assumam e sendo usado para fins eleitoreiros.

Lerei, novamente, o que aqui está escrito: "Tal limitação temporal, por exígua, tem trazido vários problemas de ordem técnica e operacional a diversos órgãos da Administração Centralizada e Descentralizada." Ora, se uma administração, Centralizada ou Descentralizada, tem problemas técnicos pela limitação de tempo de estagiários, por favor! Especialmente nos que desenvolvem serviços muito especializados, como as Secretarias Municipais da Fazenda, Obras e Viação e Procuradoria-Geral do Município, dentre outras, o estudante demora muito tempo a ser treinado. Quando está em plenas condições técnicas, o contrato expira, o que lhe gera, inclusive, frustração de expectativas. Do ponto de vista da Administração, também há prejuízo nessas contratações tão curtas, pois a cada ano tem que iniciar todo um processo de treinamento mais uma vez. Aqui está, na linha e na entrelinha, toda a intenção do uso da mão-de-obra, explícita e declarada e a implícita, não-declarada. Está aqui toda a intenção de uso de mão-de-obra barata em substituição a um concursado, que tem leis trabalhistas, que tem direitos legais.

A atitude mais correta e ética do Gabinete do Prefeito, indiscutivelmente, é a retirada desse processo por um impedimento claro e, certamente, nem a Bancada do PT vai concordar com esse absurdo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, o Ver. Cláudio Sebenelo não vai me tirar do propósito de discutir o Projeto de Lei visando ao implemento, no Município de Porto Alegre, da questão do Programa de Pró-Saneamento, mas eu também não vou deixar de dizer ao Vereador que, na semana passada, deixamos claramente aqui sinalizado que temos uma preocupação muito grande sobre a questão dos estágios na Prefeitura de Porto Alegre. Deixei claro ao Vereador. Não entendo o porquê da sua insistência. Nós sempre repudiamos a visão de que o estágio é um trabalho sem as leis trabalhistas. Já disse e deixo mais uma vez registrado. O Vereador não vai desviar o meu propósito de discutir a questão do Pró-Saneamento em Porto Alegre.

Na discussão da Pauta Especial do dia de hoje, eu falava dos importantes investimentos através do DEP e do DMAE, porque entendemos que o saneamento é crucial para uma cidade, em especial uma cidade do porte de Porto Alegre. As inúmeras obras por nós realizadas desde a despoluição do rio Guaíba em suas várias partes e o nosso propósito de despoluí-lo efetivamente e, num plano estadual, conservá-lo como rio limpo... Porque precisamos entender que a fonte poluidora fica fora do Município de Porto Alegre. Agora discutimos a autorização para que o DMAE contrate uma operação de crédito com a Caixa Econômica Federal visando à implementação, em Porto Alegre, do Programa Pró-Saneamento. Já discutimos outras parcerias na Prefeitura de Porto Alegre com o Governo Federal, através da Caixa Econômica Federal, de programas de saneamento, como foi o caso dos empréstimos concedidos ao DEP. Tivemos, inclusive, o apoio de várias bancadas, entre elas, do próprio PPB, para que votássemos em regime de urgência. Tenho a certeza absoluta de que mais esta vez teremos o apoio do conjunto de todos os Vereadores para aprovação dessa autorização.

Precisamos continuar a trabalhar com esse firme propósito de fazer com que Porto Alegre se mantenha como a capital brasileira de melhor qualidade de vida e que tenha, no saneamento básico, um desses pressupostos. Por isso apelamos a todos os Vereadores que votem favoravelmente e que possamos realizar todas as obras que Porto Alegre necessita. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Vera. Maria do Rosário para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho à tribuna no sentido de discutir e destacar a importância do projeto que trata da questão dos estágios na Prefeitura Municipal de Porto Alegre - PLCE nº 07/98. Aqui, neste Projeto, se propõe uma adequação da legislação municipal àquilo que já está definido em lei federal, que é a possibilidade do estagiário vir a cumprir um prazo máximo de estágio de setecentos e vinte dias, com dispensa automática no final desse prazo, ou seja, dois anos. Hoje, no Município, o estágio é de um ano.

Quero justificar a importância dessa matéria na medida em que os estágios na Prefeitura Municipal de Porto Alegre relacionam-se imediatamente, de forma absoluta, com aquilo que o estudante traz da sua escola. Não existe estágio com desvio de função de qualquer natureza. Os estagiários que ingressam na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, assim como aqueles que ingressam na Câmara Municipal, são estagiários para o curso que estão desenvolvendo, para aquilo que estão estudando no nível do II grau, e a partir do segundo ano do II grau. Nesse caso, um estagiário que entra no início do segundo ano do II grau num curso de Contabilidade ou de Administração e que vai para a Secretaria de Administração ou para a Secretaria da Fazenda desenvolver suas funções, mesmo antes de terminar o curso, termina o seu estágio. E há possibilidade de ele permanecer, ao mesmo tempo que estuda num turno, e num turno inverso cumpre suas horas de estágio. É a possibilidade que temos de oferecer a esse estagiário uma formação mais completa para o exercício da função, o que se busca naturalmente nessa época na medida em que se busca o aperfeiçoamento para poder ingressar no mundo do trabalho e com o primeiro emprego após o final do II grau. Para muitos jovens essa não é a realidade.

Mas também cabe referir a pesquisa de emprego e desemprego da Região Metropolitana, onde cerca de 49% dos desempregados daquela região não têm o I grau completo, e que um dos principais empecilhos para que uma pessoa chegue a ocupar uma vaga no mercado de trabalho - o desemprego é maior entre os jovens - é justamente a falta de experiência. Possibilitando, dessa forma, o estágio mais completo, nós estamos garantindo que este jovem, quando for disputar uma vaga no mercado de trabalho, poderá ter uma formação mais sólida, mais presente na sua vida para o exercício a que ele está se preparando. Ora, o estágio é isto: o estágio é a preparação para o mundo do trabalho e deve ser somente considerado aquele que é acompanhado pela instituição de ensino. Ora, eu quero me referir, aqui, à importância que tem a instituição de ensino, no caso de Porto Alegre, a Câmara Municipal e a Prefeitura, para que acompanhe o estagiário, avalie o estagiário. Assim como quem favorece e abre a vaga para o estágio, no caso o Poder Executivo, que analise também o estagiário.

Então, quando o estagiário se encontra com melhor possibilidade de contribuir no exercício da sua função, quando ele está no terceiro ano do II grau, quando ele está concluindo o II grau, antes de concluí-lo, ali, melhor é para ele próprio e melhor é para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre poder contar com o seu trabalho. O que é mais importante, que eu quero destacar aos Srs. Vereadores, é que o contrato não é assinado em nenhuma medida com o estagiário; ele é assinado com a instituição de ensino. Isso é importante que se tenha claro. Para que um estagiário se apresente a uma Secretaria, a um Departamento, assim como aqui, nesta Casa, é fundamental que ele apresente a sua possibilidade como estudante, o curso que ele está desenvolvendo, o que é assinado pela instituição de ensino que ele tem origem. Assim, o jovem do Julinho, do Ignácio Montanha, das escolas técnicas de um modo geral, da Escola Protásio Alves, precisa apresentar o atestado de que está cursando determinado curso para onde ele será destinado, o estágio correspondente àquele curso que ele está desenvolvendo, assinado o contrato com a instituição de ensino que indica os estagiários.

Acho que isso é importante. Enfim, queremos apresentar a esta Câmara esta proposição, que não significa que o estagiário precisará desenvolver os dois anos de estágio, mas que ele poderá desenvolver os dois anos de estágio, se isso for interessante para ele, se isso interessante for também para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Acho que é importante nós desenvolvermos este debate, inclusive porque não queremos, em nenhuma medida, substituir os trabalhadores pelos estagiários. No estágio não deve configurar uma relação trabalhista, porque não seria justo. O estágio é uma ajuda, é formação profissional e é estudo. É assim que deve ser visto e é assim que deve ser zelado o período de estágio. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. João Dib para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por que o estágio? O estágio é feito para aquele jovem que está na escola de II grau aprendendo a parte técnica ou para o universitário que esteja cursando a faculdade. O estágio complementa na prática aquilo que se aprende na teoria. O importante é que haja a oportunidade de estágio para todos e não apenas para alguns. Na Faculdade de Medicina grande parte dos estudantes fazem estágio de um ano no Pronto Socorro ou em outro hospital de Porto Alegre. No Estatuto dos Funcionários diz que no último ano do curso não se pode fazer estágio universitário. Então, se a finalidade é fazer com que o estudante seja preparado para enfrentar a prática e a vida na sua dura realidade, não tenho por que duvidar do Prefeito de Porto Alegre quando ele assina que, “dentre outros, pois o estudante demora muito tempo para ser treinado e quando está em plenas condições técnicas o contrato expira...” Então, é o Prefeito que assina e diz que, ao longo de doze meses, o estudante está em plenas condições técnicas e é esse o grande objetivo do estágio.

Não tenho conhecimento e não quero fazer injustiças, mas considero fortemente que a Prefeitura não tem convênio com o Centro de Integração Escola Empresa. A nobre Vereadora Líder do PT disse que os estágios se fazem através das escolas. Tenho as minhas dúvidas. Agora, não tenho dúvida alguma quanto ao número de estagiários da Prefeitura. É algo impressionante! Tenho uma longa história na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Foi o único trabalho remunerado que tive na minha vida e nunca vi tanto estagiário. Já disse desta tribuna que passei por departamentos onde não vi nenhum estagiário; passei por secretarias sem ter estagiário; agora, há oitocentos estagiários. Mas e os servidores municipais que são deixados nos corredores da Prefeitura por não terem o que fazer ou por não serem da confiança do partido que está no poder? Fica aí um porquê. Por que eles estão nos corredores? A Prefeitura tem um número de servidores mais do que suficiente. Em 31 de dezembro de 1989, o Prefeito Olívio Dutra tinha vinte mil servidores no Município, entre ativos e aposentados. Hoje, tem vinte e sete mil. Será que a Cidade cresceu 35%? Será que nós temos necessidade de toda essa gente ou será que o cargos em comissão, em número maior do que quatrocentos, e os estagiários, em oitocentos, não representam um força política, uma força eleitoral? É claro que coloco essa dúvida aqui e vejo com tristeza o Ver. Adeli Sell ficar contrariado por eu me posicionar desta forma. Mas tenho longa vida no serviço público municipal e nunca vi tamanha quantidade de estagiários.

Segundo propõe o Sr. Prefeito, deve ter gente que vai passar à profissão de estagiário. Faz-me lembrar um filme brasileiro a que assisti quando menino, onde perguntavam para o estudante: "Qual a tua vocação?". - "Eterno estudante de Medicina" - respondia ele. Eu penso que vai ter gente querendo ser eterno estagiário da Prefeitura de Porto Alegre. Então, eu coloco, aqui, contra o objetivo do Prefeito, seja ele qual for, porque ele diz que depois de doze meses o estudante está tecnicamente preparado. Esta é a razão e o objetivo do estágio: dar condições técnicas ao estudante, que na escola aprende muita teoria e pouca prática. Posiciono-me contrariamente ao estágio. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Governo Municipal petista está pretendendo ampliar para setecentos e vinte dias o tempo de permanência dos estagiários no serviço público municipal. Na verdade, acenou aos estagiários com a perspectiva de ficar mais tempo na posição não para melhor auxiliá-los na sua formação técnico-profissional - para isso bastariam os trezentos e sessenta dias atualmente previstos em lei, desde que cumpridos os requisitos previstos para a realização dos estágios -, mas sou levado a crer que o aceno foi com vistas à permanência de pessoas a quem o PT pudesse impor sua presença nas ruas, fazendo outro tipo de aceno: o aceno da bandeira do PT, por imposição circunstancial.

Ora, Srs. Vereadores, o Prefeito sabe, como todo mundo sabe, que a possibilidade de aprovação desse Projeto é extremamente escassa, quase nula. Entretanto, às vésperas da eleição, demagogicamente o apresenta para, depois, poder dizer que agiu em favor dos estagiários. Se quisesse fazê-lo de verdade, cuidaria para que tivessem adequada orientação e supervisão técnico-profissional e não tentaria encher-lhes a cabeça com conteúdos ideológicos, unilaterais, retrógrados e ultrapassados, verdadeiras lavagens cerebrais que lhes confundem o objetivo com os meios necessários para alcançá-los.

Além disso, Sr. Presidente, a iniciativa do Prefeito Municipal evidencia mais uma incoerência característica da administração petista, que diz lutar pelo emprego, mas revela uma vocação nitidamente empreguista de Estado, ampliando empregos para ter empregados que se tornam cada vez menos servidores públicos e mais dependentes e seguidores partidários. Basta que se analisem os números para que se possa comprovar a realidade do que digo.

Atualmente, senhoras e senhores, uma parte substancial dos serviços municipais está terceirizada, representando um custo superior ao da folha de pagamento total da Prefeitura. Isoladamente, esse fato até poderia ser saudado como positivo, entretanto, serve para mostrar a máscara que, permanentemente, cobre a face do PT. Acontece que, nos dez últimos anos, foi aumentado em 26% o número de funcionários do Município, ou seja, embora realizando muito menos trabalho diretamente, a Prefeitura aumentou em 26% o número de funcionários, e os cargos em comissão - CCs - foram ampliados, na administração petista, de oitenta e oito para cerca de oitocentos, de 1985 para os dias atuais. É a única geração de empregos que o PT fez durante esses dez anos. O resto é conversa e ilusão. Depois, ainda tem a coragem de cumprimentar com o chapéu alheio, falando em Shopping Center do Cristal como se fosse coisa sua, investimento seu, mas que, na verdade, está-se instalando em Porto Alegre por uma conveniência de mercado, apesar do PT, e não por uma estratégia político-administrativa municipal. Aliás, o PT se diz contrário aos grandes e poderosos, como afirma em sua propaganda política. Não entendo como afirmar também ter atraído o Shopping Cristal para Porto Alegre.

Fica cada vez mais clara, mais destacada, mais evidente a incoerência do PT, a distinção entre seu discurso e a sua ação, a inaceitabilidade de sua pregação, capaz de iludir os incautos e os menos avisados, mas que se choca com a realidade dos fatos e dos números indicadores da verdade.

E os projetos como este ora apresentado, de ampliação do tempo de estágios, partindo de quem parte, na hora errada, devem ser repelidos na forma do conteúdo e do espírito que os norteia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta. Srs. Vereadores, quero aproveitar a oportunidade, antes de entrarmos na Ordem do Dia, para cumprimentar aqui a taquígrafa Ana Helena Mendes da Cunha, que fez um trabalho maravilhoso, um apanhado de “Locuções Latinas e de Outros Idiomas Utilizados na Língua Portuguesa”, um trabalho que ela fez ao longo do tempo, aqui nesta Casa, e que colocou à disposição do nosso Legislativo. Eu acredito que seja, realmente, de bastante proveito para os Srs. Vereadores. O trabalho está à disposição dos Srs. Vereadores.

O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha vida pública, para mim, começa no dia 1º de setembro de 1956. São passados quarenta e dois anos.  Começou quando fui chamado para  ajudar a resolver o problema do transporte público desta Cidade. Ao longo desses quarenta e dois anos, se alguma coisa eu estudei com bastante carinho, foi o transporte público em Porto Alegre. Em fevereiro de 1989, quando esta Casa foi colhida de surpresa - mas o Governador do Estado não, porque foram a Rainha do Mar dizer que a carruagem do fogo já estava nas ruas, portanto, o Prefeito Olívio Dutra fazia intervenção com intenção de desapropriação ou encampação, chamem como quiser, das empresas de transporte coletivo urbano -, eu dizia, naquela oportunidade, e alguns anos depois ouvi o "Jornal do Comércio" repetir: "Ver. João Dib alertou que o custo para Porto Alegre seria muito elevado pela aventura formulada pelo Prefeito Olívio Dutra."

Realmente, essa aventura está sendo muito cara e só não atingiu os seus objetivos, só não foi paga ainda, só não foi cobrada ainda porque a Prefeitura manobra, com muita eficiência, e eu diria, até, com alguma chantagem. Vou repetir com tranqüilidade - não tem agressão no que estou dizendo, mas é o que eu penso: com um pouco de chantagem. Quando a Prefeitura fez a intervenção, a Prefeitura achava que as tarifas de transporte coletivo eram muito elevadas. E eu vou pegar a tarifa de transporte coletivo porque, quando eu deixei a Prefeitura, com o meu salário de engenheiro aposentado, em dezembro de 1985, era permitido comprar onze mil e quinhentas passagens de ônibus, que o Dr. Olívio dizia que eram muito caras. Hoje, com o salário que eu recebo de aposentado da Prefeitura, com todas as vantagens, eu não consigo comprar a metade, isto é, eu não consigo comprar cinco mil, setecentos e cinqüenta passagens. É que o Dr. Olívio, retroagindo uma lei, tomou 30% do salário dos municipários, e o Dr. Tarso, retroagindo uma liminar, tomou 27% do salário dos aposentados e dos servidores municipais. Então, a coisa realmente é difícil de explicar.

 Agora, por que, se a decisão final não é cumprida? É porque a chantagem existe. A Prefeitura, do alto do seu poder, edita um decreto e cassa todas as permissões! “Todas as permissões vigentes que delegarem a prestação de serviço de transporte coletivo urbano da Capital ficam prorrogadas pelo prazo mínimo de vinte e quatro meses.” Primeiro cassou, depois prorrogou, e aí, então, a sentença, já transitada em julgado, vai sendo procrastinada, vai sendo levada para diante. A sentença é de 16 de junho de 1997. No dia 6 de agosto de 1997, os empresários pedem sessenta dias de adiamento; no dia 20 de outubro de 1997, mais sessenta dias; no dia 6 de janeiro de 1998, mais cento e oitenta dias; no dia 21 julho de 1998, a Administração pede mais um ano! E por que consegue? Porque cassou todas as permissões, e algumas deu por lei. Fez uma confusão muito grande e mantém os empresários com o coração na mão. Pessoas tinham permissão há mais de quarenta anos e, por um simples decreto, tiveram retirada a permissão, e, por um outro, foram dados vinte e quatro meses, e tem lei dando sessenta e seis meses. Então, a coisa é extremamente confusa. Mesmo alguém que gosta de acompanhar o transporte público desta Cidade não consegue entender tudo o quanto é feito. Agora, realmente, há uma força esquisita a partir daquele Projeto de Lei que criou a atual empresa de sociedade anônima que cuida do trânsito e do transporte, que vai substituir a Secretaria Municipal dos Transportes.

Então, a Prefeitura, manobrando com a força que tem, faz tudo que é possível para exercer a pressão, e exerce fazendo coisas estranhas. Quando fui Secretário pela segunda vez, deixei um plano de transporte para a Cidade de Porto Alegre. Uma das regras era não termos novas empresas de transporte coletivo, mas a Prefeitura, que fez um decreto de desapropriação da SOPAL, dividiu a empresa em três empresas. É estranho que ninguém tenha conseguido explicar como a Prefeitura faz todas essas manobras. Deve ser pela pressão das permissões passadas, mas a Prefeitura um dia terá que pagar as dezenas de milhões a que está condenada, para tristeza nossa. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt tem a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uso o tempo de Liderança do Partido da Social Democracia do Brasil para fazer um registro e pedir, inclusive, providências da Casa para uma situação que é extremamente constrangedora aos profissionais de táxis da Cidade de Porto Alegre.

Ainda na Administração Alceu Collares, esta Casa votou e aprovou um projeto de lei que se transformou na Lei 6.163, que dispõe acerca da indenização pelo Município do custo de lavagem de veículo automotor que transportar acidentados, feridos, enfermos e gestantes em situações de emergência no cumprimento da prestação de socorro e dá outras providências. Este Projeto foi transformado em lei no dia 22-7-1988. Pasmem, Srs. Vereadores, e aqueles que acompanham esta Sessão através da televisão! Vou repetir: essa lei, Ver. José Valdir, foi sancionada pelo Prefeito Alceu Collares no dia 22-7-1988, há pouco mais de uma década.

A Lei dizia, no seu art. 3º, que ela deveria ser regulamentada em trinta dias. Não o fez o Prefeito Alceu Collares; não o fez, ao longo de quatro anos, o Prefeito Olívio Dutra; não o fez o Prefeito Tarso Genro em mais quatro anos; e não o fez, até o momento, em quase dois anos, o Prefeito Raul Pont. Ou seja: há dez anos uma lei vige nesta Cidade, mas não pode ser utilizada.  

Em junho último, um motorista de táxi enfrentou essa situação: ele socorreu um acidentado, levou-o no seu veículo até o HPS, entrou com o pedido de ressarcimento no processo cujo protocolo tenho aqui o número - 001026617.98.6 -, datado de junho de 1998. Nós estamos em outubro e esse profissional continua aguardando uma decisão, porque, na medida em que a Prefeitura não regulamentou, a Prefeitura não pode, evidentemente, praticar a legislação.

Eu perguntava ao Ver. Elói Guimarães, que foi o Secretário anterior ao Nelson José Fernandes, que é quem firma o documento junto com o Prefeito Collares, se ele lembrava dessa situação, porque eu imagino que esse processo deveria ter começado ainda ao tempo do companheiro Elói Guimarães como Secretário da SMT, e o Vereador dizia que não recordava, mas, enfim, a assinatura está aqui, a identificação, a data, ainda no tempo da Administração Collares.

Eu lembro que, há um tempo, o Ver. Isaac Ainhorn denunciava aqui dezenas de leis que careciam das regulamentações e conseguiu, com a pressão da opinião pública, com que o Executivo, acho que ao tempo do Prefeito Tarso Genro, fizesse as regulamentações necessárias. Pois aqui está mais uma lei que completa o décimo aniversário sem nenhuma regulamentação, o que é lamentável, porque obviamente os motoristas de táxi prestam serviços - acho que, de um modo geral, nunca se negaram a fazê-lo - e acabam não apenas se incomodando, no sentido de que perdem tempo, mas têm que depor posteriormente, se o caso é de acidente ou coisa parecida, e não conseguem nem a limpeza do carro nos casos de atendimento. Sobretudo quando fazem atendimento na vila, é mais problemático.

Fica aqui o nosso registro, esperando que o companheiro Bertotto, Secretário Municipal de Transportes, e sua assessoria tomem providências. Se tiverem dificuldades, eu repito: é a Lei 6.163, de 22 de julho de 1988, que dez anos depois está aguardando uma regulamentação para assim poder atender àqueles profissionais que esperam um ressarcimento de um atendimento de utilidade pública. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos numa semana decisiva para os destinos do Rio Grande  e, em Porto Alegre, que tem a marca da democracia, da participação, da defesa de direitos, também vivemos esse que é o ritmo anterior ao momento eleitoral. A eleição para nós é um marco, sim, na democracia. Não só o dia da eleição, mas o processo que nos leva até ela, Ver. Elói Guimarães, como os debates, os procedimentos, debates que nós gostaríamos que tivessem ocorrido desde o primeiro turno. Lamentavelmente, o nosso adversário fugiu do caminho, do diálogo, assim como nos últimos quatro anos o fez na Assembléia Legislativa.

Quero, nesta Comunicação de Líder, registrar preocupações de atitudes que não honram a nossa tradição democrática e o debate livre de idéias.

O Ver. Clovis Ilgenfritz teve o seu carro muito prejudicado, se é que posso resumir a situação passada pelo Vereador na última semana, quando do debate na TV Bandeirantes. O nosso companheiro Olívio Dutra também, anteriormente ao debate, passou por pressões no trajeto para a TV Bandeirantes.

Mais do que as pressões a que já estamos acostumados, Ver. Antônio Losada, que marcaram a época da ditadura e que agora alguns pensam que utilizam e que podem intimidar, nós observamos que sobre os mais humildes, sobre os trabalhadores nas repartições públicas estas pressões são muito grandes. E queremos dizer que a nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores se encontra à disposição da comunidade. Tenho certeza de que precisamos ouvir, registrar as situações de denúncia e não nos intimidarmos nesses dias que nos separam até o dia da eleição, dias que devem ser da festa democrática e não da vergonha da pressão sobre os funcionários.

Quero registrar matéria publicada na “Folha de São Paulo” no sábado, no Caderno de Eleições, página 4, que diz: “Rio Grande do Sul - Folheto é distribuído para que empregados do Banco assinem e coloquem o número do título e da zona eleitoral.” Claro crime eleitoral. “Banco Estatal organiza pirâmide a favor do candidato Antônio Britto”.

Na “Folha de São Paulo” é relatado com detalhes um esquema que procura, dentro do BANRISUL, fazer ainda mais contra essa instituição do que foi feito nos últimos quatro anos: pressionar, macular os seus funcionários e, a partir da sua direção, os esquemas de pressão sobre os gerentes no sentido de que se faça uma pirâmide. E é textual a “Folha de São Paulo” quando diz de uma reunião realizada com cerca de cinqüenta gerentes das sessenta agências do BANRISUL de Porto Alegre, no Grêmio Náutico União, no último dia 13, que diz: “Depois de seguida a pauta oficial de interesse dos gerentes, o assunto enveredou para a política, o que não estava previsto na convocação dos gerentes.” E é apresentada no jornal uma pirâmide que leva o nome de “Pirâmide Banrisul” e há espaços para quinze pessoas assinarem o seu nome, colocarem o número do título e da zona eleitoral. Cada funcionário recebe um folheto e deve conseguir quinze nomes, independentemente de serem empregados ou não do Banco.

Então, é lamentável que o nosso Estado esteja nas páginas dos jornais de circulação nacional com esta marca, que não é marca da tradição do povo gaúcho, que não é marca da tradição democrática, das nossas lutas, que é aqui a marca muito mais parecida com aquela que denunciamos, ao longo de tantos anos, da corrupção política, da utilização da máquina pública do Estado de Alagoas, e sempre quisemos o melhor para aquele povo para que pudesse se libertar da corrupção eleitoral e da utilização da máquina, mas parece que essa mesma corrupção eleitoral chega nos nossos dias ao Rio Grande.

O povo é soberano e estamos a alguns dias para que essa soberania possa afirmar-se, soberania que é maior do que tudo e maior do que todas as pressões. Muito obrigada.

 (Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao 2º Vice-Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, que assuma a presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicação de Líder pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Isaac Ainhorn, presidindo esta Sessão neste exato momento, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. Ouvi atentamente o que a Líder do Partido dos Trabalhadores falou aqui nesta tribuna como denúncia. E ouvi atentamente quando a Vera. Maria do Rosário dizia que veículos de algumas pessoas - e citava o Ver. Clovis Ilgenfritz - haviam sido riscados e, de acordo com a denúncia da Vereadora,  por pessoas que pertencem a outra facção política que está agora em embate neste momento eleitoral. É claro que nós não somos favoráveis a que estes atos aconteçam, só que a Vereadora não pode apresentar prova de que teria sido um partidário do candidato situacionista.

Nós também deploramos, Vereadora, a violência que ocorreu em Esteio, quando uma militante do PTB, filha de uma das diretoras desta Casa, foi agredida por militantes petistas a pedradas. Tentando fugir dos militantes petistas, foi atropelada. Eu pensei que a Vera. Maria do Rosário fosse fazer referência a esse fato desta tribuna, pois tenho certeza de que a Vereadora não endossa esses atos dos militantes de Esteio.

Uma advogada nossa amiga, Cláudia Britto, ao final do primeiro turno, passava com seu carro, portando bandeiras da candidatura Britto, próximo de onde estavam manifestantes petistas. O que aconteceu? Ela esqueceu de levantar o vidro da porta do seu carro e foi agredida em pleno rosto. Vocês notaram que, há pouco, o Ver. Clovis Ilgenfritz agrediu este Vereador, da tribuna, com um panfleto. E eu estou fazendo uma Comunicação de Líder do meu partido.

Essas violências devemos deplorar. Ao uso da máquina, que a Vereadora Maria do Rosário denunciou também, nós somos contrários, e como somos. Mas como é que nós podemos falar em uso da máquina quando estamos com um projeto que foi defendido aqui pela Bancada do PT? De trezentos e sessenta dias, funcionários que são estagiários vão passar para setecentos e vinte dias de uma maneira mágica, bastando passar um projeto aqui, às vésperas das eleições! Esses estagiários podem ser pressionados, Ver. Pedro Américo Leal, para chacoalhar uma bandeirinha vermelha! Eles podem fazer isso, por que não? Porque são estagiários, podem ser desligados a qualquer instante. Mas imaginem ganhar mais trezentos e sessenta dias, Ver. Pedro Américo Leal! Para quê? Será que os outros que estão esperando uma vaga para estágio na Prefeitura também não merecem esta mesma atenção? Ou será que estes que já estão agora estagiários, acostumados com a administração petista, é que, às vésperas das eleições, vão merecer mais trezentos e sessenta dias? Isso não é uso da máquina, Ver. Pedro Américo Leal? Ou como que V. Exa. poderia chamar isso? Ou vamos, Ver. Pedro Américo Leal... E quero que V. Exa. faça uma checagem a todas as pessoas que estão carregando bandeiras vermelhas, a todas elas, para ver quem é que está carregando a maioria dessas bandeiras ou grande parte delas, já que os CCs da Prefeitura aumentaram demasiadamente.

Então, esse uso da máquina, que deploramos, tem que ser deplorado de ambos os lados, não pode ser apenas de um lado, do lado que interessa. Não. Temos que deplorar o uso da máquina, temos que criticar o seu uso, temos que criticar a violência sempre que isso for utilizado de forma antidemocrática, de forma a estarmos contrários ao progresso da nossa sociedade.

Exatamente para deplorar tudo isso de ambos os lados, não de apenas um lado, como fez a Vera. Maria do Rosário, é que viemos à tribuna em tempo de Liderança do nosso partido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passo a presidência dos trabalhos ao Ver. Luiz Braz.

 

(O Ver. Luiz Braz reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Questão de Ordem): Para esclarecer o que V. Exa. referiu com relação a este Vereador. Tenho direito, até porque V. Exa diz que eu estava lhe agredindo. Fui levar à tribuna a prova de que V. Exa reclamou que não existia. Passo às suas mãos cópia dessa prova para que veja que não estamos fazendo aqui falsas acusações. Isto aqui é registro da Polícia, e com a perícia técnica do Departamento de Perícia do Estado, com um processo em andamento contra a tal Frente Rio Grande Vencedor, que agrediu e quase demoliu um carro apenas porque estava estacionado na frente da Televisão.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver. Clovis Ilgenfritz, se V. Exa. ouviu as palavras deste Vereador até o final, ouviu que deplorei a violência praticada por ambos os lados. Não deplorei apenas a violência praticada contra um dos lados ou por um dos lados, mas deploro, também, a violência praticada contra o automóvel de V. Exa., como também deploro todas as violências que foram praticadas neste processo eleitoral, que deveria ser pacífico, que tem que ser uma festa do povo, mas que, infelizmente, até agora não o foi.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Passo a cópia do processo a V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: Não é necessário, Vereador. Só a palavra de V. Exa. já me basta.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na primeira matéria da Ordem do Dia encontra-se o Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 017/98, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 1999. Daqui a pouco estaremos tratando do Orçamento. Gostaria que V. Exa. me esclarecesse há quantos dias o Projeto encontra-se na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. sabe que estamos com esse processo há vários dias.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, queria saber, de parte da Diretoria Legislativa da Casa, a informação precisa, eis que não estamos conseguindo votar, desde a presença desse Veto na Ordem do Dia, nenhuma outra matéria.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu vou pedir à Diretoria Legislativa para fazer esse levantamento e informo tão logo tenha os dados.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 1798/98 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/98, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 1999 e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela manutenção do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria os Vereadores: L. Braz, J. Dib e P. A. Leal.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.           

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de colocarmos em discussão o PLE nº 017/98 - Veto Parcial, eu quero colocar votação em destaque do inc. VI do art. 16, do parágrafo único do art. 11, do art. 1º, do art. 14 e de item do Anexo II do referido Projeto, conforme Requerimento deste Vereador.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu solicito que V. Exa. leia pausadamente os destaques novamente.

 

O SR. PRESIDENTE: Pois não, Vereador. Em resposta à solicitação do Ver. Isaac Ainhorn: esse Veto está desde o dia 2 de outubro para ver votado.

Ver. Adeli Sell, os destaques se referem ao inc. VI do art. 16, que fala da isonomia entre os servidores; ao parágrafo único do art. 11, que fala dos gastos com a saúde; ao art. 1º, que é o caso da Emenda 16 - prazo para a remessa do Plano de Investimentos; ao art. 14 - das cartas-contrato; e ao item do Anexo II, Educação e Implantação do Fundo Municipal de Crédito Educativo, que foi criado pela Lei nº 7.974/97. Esses são os destaques.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, ou vale dizer: há destaques em todos os Vetos. Estou correto?

 

O SR. PRESIDENTE: Exatamente. Nós pedimos os destaques para os Vetos.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, há encaminhamentos?

 

O SR. PRESIDENTE: Exatamente. Todas as bancadas têm direito a encaminhamento.

 Por solicitação da Vera. Maria do Rosário e para que os Vereadores da Bancada do PT possam chegar a uma deliberação, estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h06min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 17h17min): Estão reabertos os trabalhos. Visivelmente, não há quórum. Convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de quarta-feira. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h17min.)

 

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